ONU alerta para risco de massacre em cidade do norte do Iraque

A ONU lançou um alerta neste sábado (23) para o risco de um massacre na cidade turcomena de Amerli (160 km ao norte de Bagdá), cercada por combatentes do Estado Islâmico há quase dois meses. Ontem, o primeiro ministro iraquiano Haidar al-Abadi e o grande aiatolá Ali al-Sistani, maior autoridade religiosa chiita do país, já haviam pedido uma ajuda internacional aos habitantes da cidade, de maioria chiita.

Mulher iraquiana passa ao lado de cratera causada por outro ataque com carro bomba em Bagdá, no dia 13 de agosto REUTERS/Ahmed Saad

"A situação dos cidadãos de Amerli é desesperadora e exige uma ação imediata para evitar um possível massacre", declarou em um comunicado o representante especial da ONU em Bagdá, Nickolay Mladenov, pedindo que o governo iraquiano "faça tudo o quer for possível para acabar com o cerco e permitir que os habitantes recebam uma ajuda humanitária ou sejam retirados da cidade em condições dignas".

O texto afirma ainda que "os aliados do Iraque e a comunidade internacional devem trabalhar lado a lado com as autoridades para evitar uma tragédia". O discurso do primeiro ministro al-Abadi segue a mesma direção: ele disse que qualquer ajuda militar ou logística é bem-vinda.

Bloqueio ferrenho

Na sexta-feira, o aiatolá al-Sistani chamou a atenção para o destino dos 20 mil moradores da cidade, cercada pelos jihadistas que, há dois meses, lançaram uma ofensiva impressionante, que conquistou territórios inteiros no norte e no leste do Iraque. "Amerli está sob um bloqueio ferrenho", explicou o líder chiita. De acordo com ele, a cidade enfrenta uma grave escassez de alimentos, remédios e água, mas conta com "homens heroicos que a defendem apesar do pouco armamento que possuem".

De acordo com o coronel do exército Mustafa al-Bayati, as forças de segurança estão se posicionando nos setores ao sul e norte de Armeli para preparar uma contra-ofensiva. Ainda na sexta-feira, aviões militares lançaram caixas de alimentos em direção à cidade, além de atacar posições jihadistas na região.

Carros-bomba no centro de Bagdá

Ao menos seis pessoas morreram neste sábado em um atentado com carro bomba contra a base do serviço de Inteligência do ministério do Interior, no centro de Bagdá. A explosão aconteceu pouco depois do meio-dia no horário local e deixou ao menos 32 feridos.

O complexo é protegido por muros de concreto, mas os guardas no portão principal, que fica em uma esquina movimentada, são alvos relativamente fáceis. Até agora, nenhuma organização reivindicou o ataque. Mas, nos últimos meses, a insurgência sunita – principalmente o Estado Islâmico – promoveu uma série de atentados com carros-bomba.