Tunísia elege domingo primeiro presidente pós-"primavera árabe"
Pela primeira vez, os tunisianos irão às urnas para escolher livremente seu presidente na eleição deste domingo (23). A votação, realizada três anos após a "primavera árabe", que destituiu o ditador Zine El Abidine Ben Ali, finaliza o processo de adoção de instituições permanentes com líderes eleitos pelo voto popular.
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No total, 27 candidatos concorrer ao cargo, entre eles o presidente Moncef Marzouki, dois ex-ministros do governo do ditador Ben Ali, o empresário Slim Riahi e a juíza Kalthoum Kannou, única mulher na disputa.
Mas o favorito do pleito é Béji Caid Essebsin, de 87 anos, do partido Nidaa Tounès, vencedor das eleições legislativas. Durante a campanha, cinco candidatos desistiram, mas seus nomes ainda figuram nas cédulas de votação.
O partido islâmico Ennahda, que governou do final de 2011 até o início de 2014, não apresentou candidato próprio e seus líderes não deram indicação de votos aos eleitores. O partido foi o segundo mais votado nas eleições legislativas do mês de outubro.
Desde sua independência, em 1956, até a revolução de 2011, a Tunísia teve apenas dois presidentes: Habib Bourguiba, deposto em novembro de 1987 por um golpe de Estado de seu primeiro-ministro, Ben Ali, e este último que governou o país até fugir para a Arábia Saudita, em janeiro de 2014.
Promessas de resgatar credibilidade
Favorito para vencer nas urnas, apesar de sua idade avançada, Caid Essebsi, primeiro-ministro em 2011, prometeu durante sua campanha "restaurar o prestígio do Estado". Depois da revolução que desencadeou a “primavera árabe”, a Tunísia viveu diversas crises com o surgimento dos grupos jihadistas, os assassinatos de dois opositores do Ennahda e devido a grandes dificuldades econômicas.
A eleição de Caid Essebsi facilitaria a tarefa de seu partido em formar um governo de coalizão. Apesar da vitória clara nas eleições legislativas, o partido Nidaa Tounès não obteve cadeiras suficientes para garantir a maioria absoluta.
A nova Constituição tunisiana estabelece poderes limitados ao chefe de Estado, mas a eleição confere ao cargo um peso político importante. O presidente pode, inclusive, dissolver o parlamento caso não seja formado um governo.
Diante do temor de ataques jihadistas durante a votação, dezenas de seções eleitorais ficarão abertas apenas cinco horas ao invés de dez, em regiões próximas da vizinha Argélia, onde grupo extremistas são mais ativos. Milhares de policiais e militares foram deslocados pelo país para garantir a segurança dos eleitores durante a votação.
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