Paquistão: ataque armado contra a Bolsa de Valores de Carachi
Pelo menos quatro pessoas foram mortas esta segunda-feira num ataque armado contra a Bolsa de Valores de Carachi, a capital económica do Paquistão, um ataque reivindicado pelo grupo separatista Exército de Libertação do Baluchistão, cujos quatro atacantes foram mortos pelas forças de segurança.
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Quatro homens com armas de fogo e granadas tentaram invadir às 10 horas locais (05h00 TMG) desta segunda-feira (29/06) a Bolsa de Valores de Carachi, a capital financeira do Paquistão, no sul do país e mataram três guardas e um polícia, antes de serem abatidos pelas forças de segurança.
O ataque foi reivindicado por e-mail e na rede social Twitter pela brigada Majeed, uma unidade de combatentes kamikazes do Exército de Libertação do Baluchistão, considerado um grupo terrorista pelo Paquistão, Estados Unidos e Reino Unido, que há muito luta pela independência do território.
Foi aberto um inquérito para identificar e prender os "cérebros" deste ataque, advertiu o ministro paquistanês do interior Ijaz Ahmad Shah.
O Baluchistão, é a mais vasta, mais pobre e mais instável província do Paquistão, vizinha de Carachi, no sul do Paquistão e faz fronteira com o Afeganistão e o Irão
Segundo o director da Bolsa de Valores, Abid Ali Habib, os homens armados estacionaram num parque perto do local, passando depois a dirigir-se para o edifício, onde “abriram fogo contra toda a gente”.
A Bolsa de Valores do Paquistão, que inclui as Bolsas de Lahore e Islamab, possui escritórios de centenas de instituições financeiras e num dia normal, trabalham no edifício até oito mil pessoas, mas actualmente o número é mais reduzido devido ao teletrabalho imposto pela pandemia de Covid-19.
O índice de referência na bolsa do Paquistão - PSX - é actualmente um dos mais eficazes e estáveis na Ásia.
Este ataque acontece dez dias depois de um ataque à granada contra uma fila de espera numa agência de ajuda social em Carachi, um atentado que deixou um morto e oito feridos.
A cidade portuária de Carachi registou durante uma década um elevado índice de criminalidade, com ataques quase quotidianos do movimento separatista e de grupos islamistas, que causaram centenas de mortos, mas recentemente foi considerada mais segura, devido a uma importante presença das forças de segurança.
Exército de Libertação do Baluchistão
Os militantes separatistas do Baluchistão opõem-se aos investimentos massivos da China na região, no quadro do Corredor Económico China-Paquistão - CPEC - que visa ligar a província ocidental chinesa de Xingjiang ao porto em águas profundas de Gwadar, no Baluchistão e desta forma permitir o acesso directo dos produtos chineses ao mar da Arábia, considerando que estes não beneficiam a população local.
Em 2018 o Exército de Libertação do Baluchistão tentou invadir o consulado chinês em Carachi, matando quatro pessoas.
No ano passado, o mesmo grupo atacou um hotel de cinco estrelas na cidade de Gwadar, provocando cinco mortos e seis feridos, hotel que é fruto do projeto multimilionário chinês CPEC.
Inicialmente, o grupo reivindicava autonomia política para a província do Baluchistão, mas gradualmente evoluiu para um movimento separatista armado e violento, considerado como organização terrorista pelo Paquistão, Reino Unido e Estados Unidos.
Apesar de rico em reservas de carvão e gás natural, assim como em ouro e cobre, o Baluchistão é a zona mais pobre do Paquistão e os seus habitantes acusam o governo de Islamabad de espoliar os seus recursos naturais e de negar os direitos da província.
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