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Estados Unidos/ONU/Direitos Humanos

Estados Unidos regressam como país observador ao Conselho Direitos Humanos da ONU

O secretário de Estado Antony Blinken oficializou esta segunda-feira, 8 de fevereiro, o regresso dos Estados Unidos como país observador ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, depois de em 2018 o Presidente Donald Trump o ter abandonado, acusando o orgão de "hipócrita", especialmente em relação à sua posição sobre Israel. O Presidente Joe Biden instruiu o Departamento de Estado a envolver-se "imediata e vigorosamente" no Conselho de Direitos Humanos da ONU, pode ler-se no comunicado assinado pelo secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken.

O Presidente Joe Biden deu instruções ao departamento de Estado para se implicar "imediata e vigorosamente" no Conselho de Direitos Humanos da ONU, declarou em comunicado o secretário de Estado Anthony Blinken.
O Presidente Joe Biden deu instruções ao departamento de Estado para se implicar "imediata e vigorosamente" no Conselho de Direitos Humanos da ONU, declarou em comunicado o secretário de Estado Anthony Blinken. © Associated Press - Evan Vucci
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Os Estados Unidos, voltarão a desempenhar seu papel como observador e "terão a oportunidade, nesse papel, de se dirigir ao Conselho, participar de negociações e aliar-se a outros para apresentar resoluções

"Sabemos que o Conselho de Direitos Humanos é um orgão cheio de falhas...que precisa de reformar o seu programa e as suas prioridades, incluindo a atenção desproporcional que dá a Israel...mas sabemos que o organismo tem potencial para ser um importante fórum na luta contra as tiranias e as injustiças em todo o mundo...fazemos isso, porque sabemos que a maneira mais eficaz de reformar e melhorar o Conselho é trabalhar com ele ao nível dos princípios", disse o encarregado de negócios dos Estados Unidos junto da ONU, Mark J. Cassayre, numa mensagem pré-gravada, difundida durante a reunião do Conselho que se realizou por videoconferência esta segunda-feira, 8 de fevereiro.

Cassayre sublinhou ainda que, "para poder abordar as deficiências do Conselho e garantir que cumpra seu mandato, os Estados Unidos devem estar presentes à mesa e fazer uso de todo o peso de liderança diplomática...queremos garantir que [o Conselho] pode cumprir o seu papel...na luta contra a tirania e a injustiça".

   "Estamos totalmente convencidos de que, quando os Estados Unidos se envolvem de forma construtiva no trabalho do Conselho com os nossos aliados e amigos, mudanças positivas ficam ao nosso alcance", acrescentou.

Os Estados Unidos, voltarão a desempenhar seu papel como observador "e terão a oportunidade, nesse papel, de se dirigir ao Conselho, participar de negociações e aliar-se a outros para apresentar resoluções", explicou o chefe da diplomacia.

"Quando funciona como deveria, o Conselho de Direitos Humanos destaca os países com os piores históricos de direitos humanos e pode ser um fórum importante para aqueles que lutam contra a injustiça e a tirania", disse Blinken.

O Presidente Joe Biden prometeu pôr termo ao racismo sistémico no país, pelo que nesta declaração os Estados Unidos comprometem-se perante o Conselho de Direitos Humanos, que tinha criticado as violências, designadamente perpetradas por membros da polícia, contra a comunidade afro-americana.

Os Estados Unidos continuam a criticar "a atenção desproporcional" que o Conselho dá a Israel, mas revertem a decisão do ex-Presidente Donald Trump, que, em junho de 2018, anunciou a saída do Conselho de Direitos Humanos da ONU, designadamente devido à sua posição em relação a Israel.

Mark J. Cassayre prometeu informar o Conselho sobre eventuais violações de direitos humanos cometidas por Israel nos territórios ocupados.

"Damos este passo porque o nosso compromisso não nos permite continuar a fazer parte de uma organização hipócrita ao serviço dos seus próprios interesses, que faz dos direitos humanos um objeto de brincadeira", acusou Nikki Haley, em 2018, quando ocupava o cargo de embaixadora na ONU em Nova Iorque, nomeada pelo então secretário de Estado Mike Pompeo.

Nikki Haley acusou ainda o Conselho de "proteger os autores de violações dos direitos humanos" e de constituir "uma fossa de preconceitos políticos".

01:10

Estados Unidos, observador no Conselho de Direitos Humanos-ONU

Se os Estados Unidos insistiram na altura no facto de que continuariam a ser um arauto dos direitos humanos no mundo, essa decisão demonstrou a desconfiança de Donald Trump em relação aos organismos multilaterais.

A decisão de abandono do Conselho de Direitos Humanos da ONU reforçou ainda mais a imagem de desconfiança de Donald Trump sobre as organizações multilaterais, como foi o da retirada do país do Acordo de Paris sobre o clima, da Organização Mundial de Saúde - OMS - e a estratégia de paralisia da Organização Mundial do Comércio - OMC.

 A nova administração do presidente Joe Biden anunciou desde o primeiro dia o retorno dos Estados Unidos ao acordo climático e à OMS.

ONU - Conselho de Direitos Humanos

O Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra, é "encarregado de fortalecer a promoção e protecção dos direitos humanos no mundo" e também tem a missão de lidar com "situações de violação dos direitos humanos e fazer recomendações a este respeito".

O Conselho é composto por 47 Estados-membros - alguns dos quais são regularmente denunciados pelas suas violações dos direitos humanos - que são eleitos pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Esta segunda-feira, 8 de fevereiro, o Reino-Unido, a União Europeia e 19 outros membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU pediram uma reunião de emergência para debater a situação na antiga Birmânia, em estado de emergência e a detenção arbitrária de responsáveis políticos democraticamente eleitos e de membros da sociedade civil, na sequência do golpe militar de ???.

 

 

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