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Myanmar

5° dia de protestos no Myanmar com ataque do exército contra sede do partido de Aung San Suu Kyi

Pelo quinto dia consecutivo, milhares de birmaneses desceram à rua para protestar contra o golpe de Estado militar do passado dia 1 de Fevereiro e reclamar a libertação da chefe do executivo Aung San Suu Kyi, mantida em prisão domiciliária segundo o seu partido. Ontem à noite, o exército efectuou uma operação contra a sede, em Rangum, da Liga Nacional pela Democracia (LND), formação da titular do Prémio Nobel da Paz de 1991.

Manifestação reclamando a libertação de Aung San Suu Kyi  no quinto dia de mobilização contra o golpe de Estado militar, neste 10 de Fevereiro de 2021.
Manifestação reclamando a libertação de Aung San Suu Kyi no quinto dia de mobilização contra o golpe de Estado militar, neste 10 de Fevereiro de 2021. AP - STR
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"O ditador militar assumiu e destruiu a sede do LND por volta das 21h30" informou o partido de Aung San Suu Kyi na sua página Facebook. De acordo com um membro do LND, Soe Win, um guarda viu as instalações do movimento serem invadidas, através de imagens de videovigilância, mas não pôde intervir devido ao recolher obrigatório. De manhã, os membros do LND encontraram as fechaduras forçadas e constataram a falta de material informático e de documentos bancários, assim como danos em cabos eléctricos e em servidores. Segundo informou Soe Win, o partido pretende apresentar queixa pelo sucedido.

Entretanto, na rua, a tensão começou a subir de escalão, havendo relatos de feridos, alguns graves.

Ontem, as Nações Unidas condenaram o uso “desproporcional” e “inaceitável” da força pelo exército. Ola Almgren, coordenador residente das Nações Unidas na Birmânia indicou ter recebido informações de vários pontos do país segundo as quais "muitos manifestantes tinham sido feridos, alguns com gravidade".

Circulam imagens de violência nas redes sociais, em particular um vídeo de uma jovem ferida em Naypyidaw. Segundo um médico do hospital da capital, para onde foi transferida, a jovem encontrava-se esta manhã na Unidade de Cuidados Intensivos "por precisar de ajuda para respirar".

Outro médico afirmou ontem que, contrariamente ao que estava a ser relatado, os militares têm disparado com balas reais, a julgar pelos ferimentos sofridos por dois jovens hospitalizados em estado crítico.

Contudo, de momento, não é possível obter uma estimativa do número de feridos nos hospitais da Birmânia, país onde, lembre-se, foi instaurada desde segunda-feira a lei marcial e o recolher obrigatório, as ligações com o exterior, nomeadamente as redes sociais, tendo sofrido cortes.

Segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos, para além da líder deposta Aung San Suu Kyi e do presidente do Myanmar, outras 150 pessoas permanecem detidas desde o golpe da semana passada.

Apesar da Prémio Nobel da Paz ter sido muito criticada a nível internacional nos últimos anos, devido à sua passividade perante os massacres da minoria muçulmana dos Rohingyas no seu país, ela tem permanecido muito popular no Myanmar, ao ponto do seu partido alcançar uma larga vitória nas legislativas do passado mês de Novembro.

O exército, com receio de perder a influência que tinha conseguido manter durante a “transição democrática” instaurada desde 2011, denunciou fraudes eleitorais massivas e acabou por perpetrar um golpe de força no passado dia 1 de Fevereiro, quando o novo parlamento eleito estava prestes a realizar a sua sessão inaugural.

Perante esta situação denunciada internacionalmente, ontem o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, não descartou a adopção de novas sanções contra o exército birmanês: "Estamos a rever todas as nossas opções", declarou nesta terça-feira perante os eurodeputados sublinhando, contudo, que pretende garantir que estas medidas não afectem a população.

Na próxima sexta-feira, a situação na Birmânia de ser debatida durante uma reunião extraordinária do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, a pedido da União Europeia e do Reino Unido.

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