Estados Unidos : os 100 anos do massacre etno-racial de Tulsa
Os Estados Unidos assinalam os 100 anos do massacre de afro-americanos na cidade deTulsa, no Estado de Oklahoma. Historicamente pouco referenciado, o massacre etno-racial de Tulsa foi desencadeado pela alegada agressão de um jovem africano-americano a uma jovem euro-americana.
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No dia 31 de Maio de 1921, após a detenção de Dick Rowland acusado por Sarah Page, uma jovem euro-americana, de agressão, centenas de euro-americanos furiosos manifestaram-se diante do tribunal de Tulsa, aos gritos de linchamento, prática corrente nos Estados Unidos da América da época.
As autoridades locais recusaram entregar Rowland à multidão de linchadores .
Um grupo de africano-americanos, dos quais alguns armados, organizaram-se no próspero bairro de Greenwood, para se proteger contra a ameaça dos exaltados compatriotas.
Regista-se uma escalada da tensão e ouvem-se alguns tiros.
Na alvorada do dia 1 de Junho de 1921, homens euro-americanos começam a saquear e a incendiar casas e outros edifícios assim como a caçar para os matar, os habitantes do bairro de Greenwood, uma vizinhança predominantemente africano-americana.
Durante todo o dia, eles saquearam a chamada Black Wall Street, deixando para trás cinzas e ruínas, sem que a polícia intervenha. Trezentas pessoas foram mortas e cerca de dez mil perderam todos os seus bens .
Por ocasião do centenário do que é chamado nos Estados Unidos, de o "massacre racial de Tulsa" (Tulsa Race Massacre), o Presidente Joe Biden considerou que o governo do seu país deve reconhecer a sua responsabilidade, no que diz respeito ao facto de os africano-americanos serem impedidos de constituir um património e de não terem oportunidades.
Sarah Page, retirará posteriormente a queixa, desmentindo a agressão que alegadamente teria sido vítima por parte de Dick Rowland, quando deparou com este último dentro do elevador, a 31 de Maio de 2021.
Historiadores dos trágicos eventos, ocorridos em Tulsa a 1 de Junho de 2021, afirmam que o que motivou a caça e o consequente massacre dos habitantes da então chamada Black Wall Street, não foi a suposta agressão, mas sim o facto de os euro-americanos da cidade invejarem a prosperidade dos seus compatriotas africano-americanos de Greenwood.
Cem anos depois, Greenwwod deixou de ser a Black Wall Street.
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