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China

Pequim celebra os cem anos do Partido Comunista Chinês

A China celebrou esta quinta-feira com pompa e circunstância os 100 anos do Partido Comunista Chinês. No seu discurso pronunciado na praça Tienanmen, em Pequim, o presidente Xi Jinping, saudou "o novo mundo" criado pelo povo chinês e enalteceu os ganhos, a seu ver, obtidos com a acção do PC no país. 

Presidente chinês Xi Jinping durante a cerimónia de comemoração dos 100 anos de existência do Partido Comunista Chinês, neste dia 1 de Julho de 2021.
Presidente chinês Xi Jinping durante a cerimónia de comemoração dos 100 anos de existência do Partido Comunista Chinês, neste dia 1 de Julho de 2021. REUTERS - CARLOS GARCIA RAWLINS
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O chefe de Estado teceu igualmente advertências contra as potências estrangeiras que queiram "oprimir" a China. "Quem tentar esse tipo de manobras vai confrontar-se com uma grande muralha de ferro forjada por mais de 1,4 biliões de chineses", ameaçou Xi Jinping.

Oficialmente fundado no dia 1 de Julho de 1921, o partido comunista chinês tomou as rédeas do poder em 1949 e moldou, década após década, aquilo que passou a ser a República Popular da China. Ao recordar os cem anos de história do Partido Comunista Chinês, Carlos Gaspar, investigador do Instituto Português das Relações Internacionais (IPRI) e especialista da China, considera que "certamente a China é completamente diferente do que era em 1921".

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Investigador Carlos Gaspar recorda os 100 anos de existência do PCC

Sob o impulso de Mao Tse-Tung, entre os anos de 1958 e 1960, foi lançado o "Grande Salto em Frente" que pretendia transformar este país essencialmente rural numa nação economicamente desenvolvida. Isto resultou contudo numa campanha de repressão dos camponeses e naquilo que ficou conhecido como o período da "Grande Fome" que provocou dezenas de milhões de mortos.

Outro momento marcante da história comunista foi a "Revolução Cultural", de 1966 a 1976 que consistiu numa purga dos "elementos revisionistas" do Partido Comunista Chinês. Durante este período de caos que levou o país à beira da guerra civil, milhares de pessoas foram perseguidas, estimando-se que o número de mortos se situe entre as centenas de milhares e uns 20 milhões.

Segue-se em finais dos anos 70, um período de abertura da China para o exterior durante a era de Deng Xiaoping. Em 1981, o partido no poder na China reconhece que a "Revolução Cultural" tinha sido "responsável pelas perdas mais pesadas sofridas pelo partido, o país e o povo desde a fundação da República Popular da China".

Contudo, depois da repressão das manifestações estudantis na Praça Tienanmen em 1989, com as perseguições e massacres que seguiram este momento, a China voltou a enveredar para um maior autoritarismo. "O Partido Comunista mudou muito desde 1921, mas mesmo nas sucessivas fases do poder. Durante um certo tempo, a partir dos anos 80 e dos anos 90, algumas pessoas acharam, Milton Friedman nomeadamente que a liberalização económica, a economia socialista de mercado, o crescimento da China, a emergência de uma grande classe média e a própria industrialização, a liberalização económica ia mudar o regime. Isso não é verdade", conclui Carlos Gaspar.

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Investigador Carlos Gaspar evoca a evolução do PCC

Xi Jinping, chefe do Estado e simultaneamente do Partido Comunista Chinês desde 2012, deu continuidade à expansão económica do país, com o lançamento da chamada "nova rota da seda" em 2013. Paralelamente apertou o cerco em torno das minorias e de quem possa reclamar mais liberdade. A repressão no Tibete, as acusações de trabalho forçado da comunidade muçulmana do Xinjiang ou ainda o crescente espartilhamento da população de Hong Kong, novamente sob autoridade chinesa desde 1997, são alguns exemplos da nova fase que vive a China. Há exactamente um ano, Pequim impôs um novo dispositivo em Hong Kong, a "lei de segurança nacional". Devido a esta situação, na óptica de Carlos Gaspar, o conceito de "um país, dois sistemas está comprometido definitivamente".

O Partido Comunista Chinês, refira-se, contabiliza actualmente 95,15 milhões de membros, esta formação tendo acolhido mais de 2 milhões de novos aderentes em 2020., segundo dados divulgados nesta quarta-feira.

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