António Nunes: «Alterações climáticas intensificaram os incêndios»

Os incêndios têm sido devastadores nestas últimas semanas pela Europa fora, do Sul com Portugal e Espanha, ao Norte com a Inglaterra.

Incêndios em Portugal. © AFP - PATRICIA DE MELO MOREIRA

O Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais divulgou, nesta quinta-feira, 21 de Julho, que a área ardida na Europa até hoje, já é superior à ardida em todo o ano de 2021.

Nos 27 países da União Europeia mais de 5 mil quilómetros quadrados arderam, particularmente na parte ocidental atingida por vagas de calor.

António Nunes, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, admitiu que as alterações climáticas intensificaram os incêndios, sendo que o calor e o vento estão a atear os fogos, mas também lembrou que os fogos têm sempre como origem a mão humana, de forma intencional ou por negligência:

“O que estamos a assistir, isso é verdade, é que, quando há um fogo, ele é muito intenso e isso dificulta o trabalho dos bombeiros. Mas esta verdade não é só em Portugal. Está a ser em Espanha, em França, Itália e Grécia, quer dizer os países do Sul, mas também na Inglaterra, que tradicionalmente não tinha incêndios florestais e este ano também está a ser atingida. O que quer dizer que muitos destes incêndios, ou os resultados deles, têm pouco a ver com, só, o estado da floresta, mas também com as alterações climáticas, que nos está a trazer um clima muito quente e muito seco. E isso não era habitual”, afirmou o Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.

António Nunes também lembrou o que causa incêndios: “O início dos incêndios é mais por negligência humana ou por mão humana. Nós em Portugal temos alguns incêndios resultantes das trovoadas, mas não tem havido trovoadas. O que quer dizer que a maior parte dos incêndios, que têm ocorrido, é por mão humana, que pode ser intencional ou não intencional. A maioria será certamente por descuido. É importante que se perceba que nas condições actuais, duma temperatura elevada, e sem humidade, e com alguns ventos, qualquer descuido de alguém pode provocar um grande incêndio que pode demorar dias, como aqueles que nós estamos a assistir”, concluiu.

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António Nunes, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses 21-07-2022 MIX

António Nunes, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses © Cortesia Liga dos Bombeiros Portugueses

Só em Portugal neste momento ainda há cinco incêndios activos.

De recordar que Portugal já viveu vários incêndios mortíferos: em Junho de 2017 no incêndio florestal de Pedrógão Grande morreram 66 pessoas, para além de 254 feridos, e em Outubro de 2017, houve 50 vítimas mortais confirmadas e mais de 70 feridos ligeiros e graves.