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Portugal

Trabalhadores da agência noticiosa portuguesa Lusa em greve desde quinta-feira

A agência noticiosa portuguesa Lusa está em greve desde quinta-feira até amanhã à meia-noite. Em causa estão reivindicações de melhores condições de trabalho e aumentos salariais. Susana Venceslau, representante do sindicato dos jornalistas da agência Lusa, dá conta de uma forte adesão dos grevistas e de uma ausência de resposta por parte das tutelas.

Logotipo da agência noticiosa portuguesa Lusa
Logotipo da agência noticiosa portuguesa Lusa © LUSA
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"Em causa está o facto de os trabalhadores da Lusa não serem aumentados há doze anos e estarem na perspectiva de não continuar a sê-lo para os próximos seis. Ou seja, num total de 18 anos, os trabalhadores da Lusa podem não ter qualquer aumento salarial e as pessoas chegaram a um ponto em que entenderam que isso não faz qualquer sentido, que é injusto e chegou a altura de reivindicar aumentos salariais" começa por dizer a sindicalista, referindo que o movimento começou com a entidade patronal a propor um aumento mensal muito abaixo das suas exigências. "Quando tudo isto começa, começamos com a administração a propor 35 euros de aumento, que nós recusamos contra uma proposta de 120 euros -que foi onde nós, trabalhadores, começamos- a administração posteriormente avançou para os 74 euros e nós, trabalhadores, baixamos a nossa proposta de 120, para 100 euros", indica.

"Nesta última semana, em plenário, os trabalhadores manifestaram a vontade de manter a greve porque as pessoas entendem que 74 euros continuam a não ser suficientes perante 12 anos sem qualquer aumento salarial", relata a representante dos trabalhadores dando conta de uma forte adesão ao bloqueio. "Até agora, tem sido aquilo que classificamos de grande sucesso. Da parte dos jornalistas, há praticamente 100% de adesão à greve, não há qualquer informação produzida pela Lusa" constata a jornalista da agência pública.

No âmbito desta paralisação, os grevistas entregaram uma carta aberta ao Presidente da República e ao chefe do governo com as suas reivindicações, tendo igualmente efectuado nesta sexta-feira uma concentração frente à residência oficial do primeiro-ministro. Apesar disso, Susana Venceslau refere que não houve até agora evolução da situação.

"Desde que a greve começou, não houve qualquer contacto, nem por parte da administração, nem por parte de qualquer uma das nossas tutelas" lamenta a sindicalista garantindo, por outro lado, que "os trabalhadores não vão baixar os braços. Mesmo depois destes 4 dias de greve, se não vierem ao encontro das nossas reivindicações, se não aceitarem voltar à mesa das negociações para conseguirmos aumentos salariais justos, nós vamos voltar a pensar em mais medidas de luta porque os trabalhadores não vão deixar cair esta sua pretensão".

Ao ser questionada sobre a tendência para o desinvestimento das entidades públicas na informação em Portugal, à semelhança do que acontece em vários outros países, Susana Venceslau considera que este bloqueio deve servir para as tutelas reflectirem sobre o lugar que tem a informação. "Achamos que esta luta dos trabalhadores da Lusa deve também servir para chamar a atenção para esse desinvestimento, para que de uma vez por todas também pensem e decidam o que é que querem em termos de serviço público de informação (...) porque se aceitamos que o jornalismo é um pilar de uma sociedade democrática, então temos que ser os primeiros a unir-nos e a reivindicar melhores condições de trabalho e, sem dúvida nenhuma, melhores salários, porque pessoas com bons salários e com boas condições de trabalho conseguem fazer um jornalismo em condições" conclui a sindicalista.

Criada em 1986 e financiada pelo Estado, a agência Lusa, muito presente nos países lusófonos, conta com mais de 250 jornalistas e produz cerca de 800 conteúdos jornalísticos por dia, destinados a cerca de 800 clientes, rádios, canais de televisão e jornais, repartidos pelo mundo fora, e isto com um orçamento anual rondando os 16 milhões de euros nestes últimos anos sobre um envelope total de um pouco mais de 500 milhões repartidos por diversos órgãos sob a tutela do Ministério da cultura em Portugal.

Refira-se ainda que nestas últimas semanas, Portugal tem sido abalado por uma série de greve em diversos sectores, nomeadamente a saúde e educação, cujos trabalhadores reclamam aumentos salariais e medidas para mitigar os efeitos da inflação resultante da instabilidade mundial.

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