A China acolhe dirigentes da Ásia Central na antiga capital imperial Xi’an
Pela primeira vez, a China acolhe quinta e sexta-feira os dirigentes de cinco países da Ásia Central em Xi’na, a antiga capital imperial, no centro do país, que foi em tempos o ponto de partida das caravanas na Rota da Seda.
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As muralhas de Xi’an já viram passaram vários chefes de Estado estrangeiros, mas raramente cinco ao mesmo tempo. No centro da cidade, as paredes dos Imperadores Mings, habituadas aos turistas, brilham e resplandecem.
Em redor da cidade, os grandes hotéis, nos quais estão as comitivas, têm um forte dispositivo de segurança: helicópteros e polícias fardados ou à paisana em cada esquina.
De notar que a população que mora perto dos hotéis foi realojada durante a cimeira. Apenas a polícia está presente. Por exemplo, os drones de civis já não podem voar desde 20 de Abril. A cidade conta com árvores e pavimento novos.
A segurança está reforçada para esta cimeira que é muito importante para o Governo chinês e o Presidente Xi Jinping.
O lugar Xi’an não foi escolhido ao acaso. Era o ponto de partida das antigas Rotas da Seda e uma parceria liga aliás a China ao Cazaquistão desde 2013.
Os cinco países convidados faziam parte da antiga União Soviética: Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão.
Os intercâmbios têm aumentado entre esses países e a China, que quer estender a sua influência em direcção à Rússia e à Europa.
O desenvolvimento das parcerias comerciais, agrícolas e industriais estão na agenda desta Cimeira, bem como as possíveis trocas universitárias suspensas com a pandemia.
Recorde-se que a Rússia de Vladimir Putin está enfraquecida com as sancções impostas devido à guerra na Ucrânia. Com esta ausência russa, a China continua a investir nos mercados da Ásia central, aliás os empréstimos chineses representam hoje uma grande parte das dívidas da Ásia central.
No ano passado, os intercâmbios entre esses países e a China ultrapassaram os 70 mil milhões de dólares. Desde o primeiro trimestre de 2023, os intercâmbios aumentaram 22%. A China importa gás do Turquemenistão e petróleo do Cazaquistão.
As duas nações têm um acesso directo ao Mar Cáspio, zona que representa um interesse estratégico para as rotas da Seda desejadas por Pequim.
Quanto às infra-estruturas, vários projectos poderiam ser aproveitados pela China, em detrimento da Rússia, como a via ferroviária China-Quirguistão-Uzbequistão avaliado em 6 mil milhões de dólares. Ou ainda a extensão do oleoduto entre a Ásia Central e a China.
Inúmeros projectos onde também poderão entrar as vertentes farmacêuticas e agrícolas.
Crónica de Marco Martins 18-05-2023
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