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Literatura

Morreu o escritor franco-checo Milan Kundera, grande voz da literatura mundial

Foi anunciada esta manhã a morte nesta terça-feira do escritor franco-checo Milan Kundera, uma das grandes vozes da literatura mundial, autor do livro "a insustentável leveza do ser". De acordo com o seu editor aqui em França, o autor que tinha 94 anos, faleceu ao cabo de uma longa doença aqui em Paris, onde residia desde os anos 70.

Milan Kundera em 1980.
Milan Kundera em 1980. Elisa Cabot [CC BY-SA ]
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Partiu ontem um observador e narrador irónico da condição humana, na sua sede de liberdade e nas suas dimensões intimas e políticas, um escritor cuja vida foi atravessada pelos sobressaltos da história do país onde nasceu, a Checoslováquia, no dia 1 de Abril de 1929.

O escritor que se destinava a uma carreira de músico, como os pais, escreve muito jovem os seus primeiros poemas como se compõem sonatas.

Inicialmente próximo dos comunistas que tinham tomado o poder no seu país em 1948, os seus primeiros romances nos anos 60, "A brincadeira", saudado pelo poeta francês Louis Aragon, e "Amores risíveis", esboçam um balanço amargo das ilusões políticas da geração do chamado "Golpe de Praga".

Marginalizado depois da "Primavera de Praga" e da invasão soviética no final dos anos 60, Kundera exila-se com a esposa em Paris em 1975 e perde a nacionalidade checa em 1979 que só recupera em 2019.

Em França, cuja nacionalidade passa a ter em 1981, depois da intervenção do presidente Mitterrand, ele passa a escrever exclusivamente em francês. Publica nomeadamente "A valsa do Adeus" ou ainda "O livro do riso e do esquecimento".

Em 1984, ele publica aquele que é considerado a sua obra-prima "A insustentável leveza do ser", romance de amor e ode à liberdade que será adaptado para o cinema 4 anos depois.

Prolífico autor traduzido em dezenas de línguas, Kundera foi pressentido para o Nobel da literatura, sem nunca o receber. Discreto, expressava-se raramente na comunicação social, optando por falar através das suas personagens, como em 2014, na "Festa da insignificância", obra onde dizia "percebemos há muito tempo que já não era possível derrubar este mundo, nem remodelá-lo, nem parar a sua infeliz corrida para a frente. Havia apenas uma resistência possível: não levá-lo a sério".

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