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Rússia/África

Putin acolhe II cimeira Rússia-África

O Presidente russo, Vladimir Putin, recebe esta quinta-feira, 27 de Julho, os chefes de Estado e de Governo africanos em São Petersburgo, na II Cimeira Rússia-África. Na sessão de abertura, Vladimir Putin anunciou que a Rússia poderá enviar gratuitamente entre 25.000 e 50.000 toneladas de cereais ao Burkina Faso, Zimbabué, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreianos nos próximos quatro meses.

O Presidente russo, Vladimir Putin, recebe esta quinta-feira, 27 de Julho, os chefes de Estado e de Governo africanos em São Petersburgo, na II Cimeira Rússia-África.
O Presidente russo, Vladimir Putin, recebe esta quinta-feira, 27 de Julho, os chefes de Estado e de Governo africanos em São Petersburgo, na II Cimeira Rússia-África. AP - Valery Sharifulin
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Delegações de 49 países africanos participam na II Cimeira Rússia-África, que decorre em São Petersburgo, sob o lema “Em prol da Paz, Segurança e Desenvolvimento”. O encontro de alto nível decorre num contexto de preocupação dos países africanos, depois de Moscovo ter abandonado o acordo que permite a exportação de toneladas de cereais ucranianos.

Na sessão de abertura da cimeira Rússia-África, Vladimir Putin anunciou que a Rússia poderá enviar gratuitamente entre 25.000 e 50.000 toneladas de cereais ao Burkina Faso, Zimbabué, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreianos nos próximos quatro meses.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, tinha instado os dirigentes africanos, que participam na cimeira, a exigirem respostas a Vladimir Putin sobre a crise dos cereais que está a ter um impacto negativo nos países mais pobres do globo.

Antony Blinken insistiu que os líderes africanos conhecem o responsável por esta situação, sublinhado que muitos deles ofereceram “apoio a Moscovo ou recusaram condenar a invasão russa da Ucrânia”.

Kremlin denuncia “pressão ocidental grosseira"

Isolado do cenário internacional, desde o lançamento da ofensiva militar na Ucrânia em 2022, o chefe de Estado russo espera contar com o apoio ou a neutralidade de muitos países africanos.

Esta é a segunda cimeira Rússia-África desde 2019. O número de chefes de Estado presentes diminuiu de 43 para 17, segundo o Kremlin, por causa de uma “pressão ocidental grosseira para desencorajar a participação das nações africanas”.

Sem surpresa, os aliados históricos da Rússia estão representados ao mais alto nível em São Petersburgo, entre eles o Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, o congolês Denis Sassou-Nguesso, o egípcio Abdel Fattal al-Sissi, o zimbabueano Emmerson Mnangagwa, o eritreu Issayas Afewerki, o moçambicano Filipe Nyusi e o guineense Umaro Sissoco Embaló.

Outros parceiros estratégicos de Moscovo participam na cimeira. É o caso do chefe de Estado da República Centro Africana, Faustin-Archange Touadéra e o homólogo maliano, Assimi Goita e o Presidente do Burkina Faso, Ibrahim Traoré. Para estes dois últimos líderes golpistas, esta é também a primeira viagem para fora de África.

Por outro lado, o Presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, cancelou a viagem e a Nigéria enviou o seu vice-presidente. Outros países fazem-se representar ao nível ministerial, o caso de Angola, Argélia, Benim, Chade, Etiópia, Gabão, Marrocos, Mauritânia, Madagáscar.

Cabo Verde ausente da II cimeira Rússia-África 

A Costa do Marfim e São Tomé e Príncipe fazem-se representar pelos embaixadores e Cabo Verde recusou o convite. Em declarações à imprensa, o chefe de Estado José Maria Neves referiu que com esta ausência Cabo Verde mostra que "é um país de paz e que quer que os conflitos sejam resolvidos de forma pacífica ". O Presidente cabo-verdiano disse ainda que respeitam a integridade territorial dos países, sublinhando que "esta guerra não faz sentido" e que devem ser criadas todas as condições para  o diálogo.

 

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José Maria Neves, chefe de Estado de Cabo Verde

Desta segunda cimeira espera-se que a Rússia e os países africanos assinem um "plano de acção até 2026" e uma série de acordos bilaterais, como anunciou o Kremlin.

 

Em entrevista à RFI, Almeida Henriques, mestre angolano em Ciência Política e Administração Pública e professor de estratégia, defendeu que a Rússia deveria privilegiar o aspecto económico em detrimento da vertente militar.

“Nós estamos em presença de doutrinas diferenciadas, tanto a Americana, a Russa  e agora a China, que está a partir para um socialismo moderno com características chinesas. Isso também tem as suas repercussões no ponto de vista do posicionamento, em busca de novos mercados, porque a verdade é esta, de novos mercados no continente africano para se revitalizar a economia tanto do Leste e como também do ocidente, mas sobretudo o Leste e a Ásia. Mas aqui há um elemento muito importante: o que é que a China procura nas suas relações internacionais? Apenas relações de natureza económica, e nunca assumiu qualquer posicionamento de natureza política. Mas então, e que, em contrapartida, perguntaríamos, qual é o posicionamento da Rússia pela mesma perspectiva? O posicionamento da Rússia é diferente, portanto, procura conquistar o espaço geopolítico, mas direccionado para um ambiente sobretudo militar", referiu. 

Nos últimos anos, a Rússia tem procurado reforçar os laços com o continente africano, nomeadamente através da presença do grupo paramilitar Wagner. Todavia, alguns especialistas referem que o fracasso do grupo na Rússia em Junho lança dúvidas sobre o futuro das operações no continente.

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