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Cimeira Itália/África

Cimeira Itália-África: "África tornou-se muito cobiçada pelas matérias-primas"

Roma – Em Roma, capital italiana, começa este domingo e prolonga-se até segunda-feira, a cimeira Itália-África, que conta com a presença de vários chefes de Estado e de governo dos países africanos, onde se inclui Filipe Niusy, Presidente moçambicano. Participam ainda no encontro vários representantes da União Europeia, entre eles Ursula Von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia e também representantes de orgaizações internacionais.

La Première ministre italienne Giorgia Meloni, lors d'une visite à Belgrade, le 3 décembre 2023.
La Première ministre italienne Giorgia Meloni, lors d'une visite à Belgrade, le 3 décembre 2023. AFP - ANDREJ ISAKOVIC
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Um dos pontos altos do encontro será a apresentação do "plano Mattei" [nome do fundador da empresa de energia Eni], um plano que preconiza novas parcerias entre Itália e o continente africano.

Em entrevista à RFI, Marcello Sacco, jornalista italiano, começou por referir que o tema mais importante do encontro é precisamente a apresentação deste plano.

"Sobre os temas em cima da mesa, o mais importante é a apresentação de um plano de investimentos em África, que é um pouco o pilar da política externa deste governo italiano, de Meloni. É um plano aprovado pelo Parlamento no final do ano passado, há pouco mais de um mês, e que é um grande plano de investimentos. Naturalmente, é um grande plano de investimentos que não será tão grande como muitos outros que existem em África neste momento", começou por referir o jornalista.

Marcello Sacco considera que o continente africano se tornou um pólo de interesse, por parte de vários países, devido às matérias-primas.

"A própria União Europeia sofre muito com a concorrência de grandes potências como a China e de outros países que investem em África, mas estamos numa fase em que todos os países procuram novas rotas ou novos caminhos para uma autonomia estratégica e energética, então África tornou-se outra vez um campo muito cobiçado pelas matérias-primas", acrescentou.

Ouça aqui as palavras de Marcello Sacco:

00:50

Entrevista Marcello Sacco, 28-01-2024

O jornalista italiano recordou ainda aquelas que têm sido as relações mais recentes entre Itália e África, nomeadamente, as boas relações com Angola e Moçambique, mas também os diferendos que existem com os países do norte de África devido aos fluxos migratórios, um dos temas que também deverá ser abordado nesta cimeira.

"Roma, sobretudo com Giorgia Meloni, mas também com Mario Draghi e, aquando da invasão da Ucrânia, os primeiros-ministros italianos e ministros dos negócios estrangeiros fizeram muitas viagens a África, precisamente para procurar novas fontes energéticas, mas já que falamos em português. Há relações muito fortes com África lusófona, sobretudo, com Moçambique e também com Angola. Existe uma tradição, mas agora existe também uma tradição nem sempre feliz, de relacionamentos com a outra margem do Mediterrâneo, com os países da África do Norte. Obviamente que um dos grandes trunfos deste plano Mattei será também reduzir, ou, de certa forma controlar os fluxos migratórios, que é obviamente uma obsessão deste governo, que é um governo de direita", contextualizou.

Marcello Sacco referiu ainda que a grande dúvida é perceber se estamos perante um plano que pretende apenas controlar a questão migratória ou se será efectivamente um plano que mudará as relações entre o país e o continente africano.

"Estará de certeza porque esteve em cima das mesas de vários diálogos bilaterais, por exemplo, com a Tunísia. E, na Líbia, dada a situação caótica no país, o diálogo foi mais difícil. Não foi por acaso que Giorgia Meloni esteve recentemente em Instambul, na Turquia, porque precisa da ajuda de Erdogan para dialogar com os líbios. Agora é preciso ver se este plano será apenas um plano de repressão dos fluxos migratórios ou, como quer apresentar-se, como um plano de investimento sério e de um novo rumo das relações entre Itália e os países africanos", concluiu, em entrevista à nossa rádio.

Ouça aqui o resto da entrevista:

01:25

Entrevista Marcello Sacco, 28-01-2024 2

De salientar que o encontro começa com um jantar oferecido pelo Presidente da República, Sergio Mattarella, no Palácio do Quirinal, na capital italiana.

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