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Artes

O universo da escritora Djaimilia Pereira de Almeida analisado num estudo

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Recentemente, a editora da Universidade do Minho publicou "Djaimilia Pereira de Almeida: Tecelã de Mundos Passados e Presentes", uma obra disponível on-line coordenada por duas investigadoras, Sandra Sousa e Sheila Khan, socióloga ligada à Escola de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que é a nossa convidada neste programa em que vamos debruçar-nos sobre o universo literário de Djaimilia Pereira de Almeida.

Capa de "Djaimilia Pereira de Almeida: Tecelã de Mundos Passados e Presentes", uma obra colectiva coordenada por duas investigadoras, Sandra Sousa e Sheila Khan.
Capa de "Djaimilia Pereira de Almeida: Tecelã de Mundos Passados e Presentes", uma obra colectiva coordenada por duas investigadoras, Sandra Sousa e Sheila Khan. © uminho.pt/
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Desde 2015, ano em que publicou o seu primeiro livro intitulado "Esse Cabelo", esta escritora portuguesa de origem angolana nascida em 1982 em Luanda explora na sua literatura a questão da identidade dos afro-descendentes de Portugal, do racismo e da narrativa em torno do passado colonial de Portugal.

Na obra colectiva "Djaimilia Pereira de Almeida: Tecelã de Mundos Passados e Presentes", investigadores da área da literatura, dos estudos culturais e da sociologia estabelecidos em Portugal mas também fora, analisam as obras da escritora, nomeadamente "Luanda, Lisboa, Paraíso" ou ainda "Maremoto", um livro sobre o percurso de Boa Morte da Silva, arrumador de carros em Lisboa que, no passado, foi combatente dos comandos guineenses sob a bandeira portuguesa durante a guerra de libertação. Foi sobre este livro que a investigadora Sheila Khan reflectiu e escreveu na obra dedicada à escrita de Djaimilia Pereira de Almeida. 

Para a socióloga,"a sua literatura não é apenas escrever. É sim um método de análise, um método de investigar, mapear as várias realidades de várias personagens que mostram bem o que são as nossas sociedades europeias pós-coloniais".

Ao situar a obra de Djaimilia Pereira de Almeida num contexto em que outras vozes como a de Luísa Semedo, Patrícia Moreira, Paulo Faria, Joaquim Arena e também Lídia Jorge, também enunciam as realidades descritas pela jovem escritora, Sheila Khan considera que a sua obra aponta as omissões e as ausências da sociedade portuguesa para com a sua população afro-descendente.

"É a grande ironia e a grande contradição do projecto pós-colonial da sociedade portuguesa foi de não ter conseguido ainda integrar muitos dos seus sujeitos da experiência colonial que depois vêm para Portugal, numa experiência já pós-colonial, e essencialmente não terem conseguido integrar aqueles que são a experiência da segunda geração que são os 'afro-peus', os afro-descendentes, que muitas vezes ainda não são tidos e considerados como cidadãos europeus e, neste caso, cidadãos portugueses, e são colocados numa situação de limbo", considera Sheila Khan.

Na óptica da estudiosa que dá conta de alguma ausência de bases de compreensão das jovens gerações relativamente à sua história e ao seu presente, "as múltiplas Djaimilias do nosso tempo são necessárias para darem aos nossos jovens, à nossa geração actual, um olhar atento, um olhar inteiro e um olhar instrutivo, informativo, para perceber o que foi o 'antes', o que é o agora e o que está por vir (...) Djaimilia Pereira de Almeida tem em si uma cidadania literária. É através da literatura e da ficção que ela constrói este sentido de uma cidadania de todos e para todos".

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