Celestino Fernandes é urbanista e apesar de não exercer a sua profissão no arquipélago, conduziu-nos até alguns pontos emblemáticos da cidade capital de São Tomé e Príncipe.
"Estamos no centro da cidade, onde encontramos os edifícios mais importantes: a loja Pereira Duarte, um grande edifício. O maior emblema de arquitectura do país, que se está a deteriorar, é a antiga administração dos serviços geográficos e cadastrais", contou.
À volta da cidade de São Tomé e Príncipe "foram surgindo novos bairros, novas construções, que não seguiram o mesmo ordenamento urbano. Hoje, a cidade triplicou em número de habitantes", descreve Celestino Fernandes.
Nos últimos 50 anos, o arquipélago tem registado um importante crescimento exponencial da população, cerca de 62% da população tem menos de 25 anos, tal como na África subsariana. "Antigamente, as roças funcionavam como pequenos pólos urbanos, mas depois da independência do país, as roças passaram para propriedade do Estado e mais tarde, nos anos 90, as roças fecharam", lembra. Na altura, o arquipélago registou um grande êxodo urbano para a capital são-tomense.
"Hoje existem grandes manchas de ocupação de espaço da área urbana, sem corresponder ao planeamento urbano da matriz inicial da nossa cidade, que era uma cidade colonial portuguesa", acrescentando que a diversidade urbanística não se deve apenas à falta de recursos para construções, mas de um acompanhamento por parte das autoridades locais.
Celestino Fernandes lembra que o desemprego é "o maior problema com o qual o arquipélago se depara". São Tomé e Príncipe regista uma das mais elevadas taxas de desemprego da África Central. 22 % dos jovens são-tomenses enfrentam grandes dificuldades aceder ao mercado de trabalho.
Celestino Fernandes, 23/6/2022
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