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“Rádio Voz de Liberdade” de Ângela Ferreira em Marselha

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Até ao dia 22 de Janeiro, o FRAC Marselha acolhe a exposição “Rádio Voz de Liberdade” da luso-sul-africana-moçambicana  Ângela Ferreira. Uma mostra onde a artista explora os laços de solidariedade que uniram Portugal à Argélia durante os anos 60/70, recorrendo à história de arquivo das transmissões radiofónicas.

Exposição “Rádio Voz de Liberdade” da luso-sul-africana-moçambicana Ângela Ferreira.
Exposição “Rádio Voz de Liberdade” da luso-sul-africana-moçambicana Ângela Ferreira. © FMM
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A grande torre emite áudios da rádio “Voix de l'Algérie libre et combattante”, e a pequena, a “filha da voz da Argélia” é a lusófona “Rádio Voz de Liberdade”. Aqui, é a voz de Manuel Alegre que ecoa. 

Há 60 anos, a 18 de Março de 1962, as autoridades francesas e uma delegação provisória da República argelina entraram na história com a assinatura dos Acordos de Évian e os dois países puseram fim a 132 anos de presença colonial francesa na Argélia e a uma das guerras mais ferozes que o continente africano viveu no século XX. 

Os Acordos de Évian e a consequente independência da Argélia abriram novas perspectivas para o continente africano e foi um apoio incondicional da luta de libertação dos povos de Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

O exemplo de uma rádio africana que inspirou a libertação europeia foi o mote para a artista.

Esta exposição nasce no momento em que me apercebi que a história da Rádio Voz da Liberdade era sui generis e que permitia ver que uma rádio africana que era  “Voix de l'Algérie libre et combattante” dera azo a uma rádio de libertação europeia.

Portanto, vinha contradizer toda uma gama de preconceitos históricos que nós temos, pela forma como construímos a história da relação entre África e Europa, que é modelada pela ideia de que a Europa fornece o modelo e o padrão de funcionamento das sociedades. Neste caso, o que é raro, termos África a permitir que a Europa se liberte de um regime fascista”.

Uma linha positiva dos trabalhos de  Ângela Ferreira que surge para “fugir” à pesada investigação sobre o colonialismo e os problemas que foram criados pelo colonialismo. 

Há um momento, há dez anos, em que decidi que tinha de ter uma linha de trabalho positiva. Não deixa de ser política, não deixa de ser um investimento sobre a relação obviamente que prediz a ideia do colonialismo também, mas que é positiva.

Comecei à procura e de cada vez que encontrava uma figura africana que achasse genial, ou que tivesse sido pouco explorada do ponto de vista de ser mediático, ou que pudesse servir para crianças terem um modelos para trabalhar… estou a falar de pessoas tão variadas como o Carlos Cardoso, que era um jornalista moçambicano que foi assassinado, estou a falar da poetisa sul-africana Ingrid Jonker  que também morreu, suicidou-se porque foi perseguida pelas forças do apartheid, estou a falar da Miriam Makeba que também era activista”.

A exposição “Rádio Voz de Liberdade” da luso-sul-africana-moçambicana  Ângela Ferreira, está patente no FRAC Provence-Alpes-Côte d’Azur, Marselha até 22 de Janeiro.

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