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São Tomé e Príncipe: Tentativa de golpe de Estado "expõe usurpação de poder"

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Pelo menos quatro pessoas morreram e 17 pessoas foram detidas depois do ataque de sexta-feira,  ao quartel militar em São Tomé e Príncipe, numa acção classificada como "tentativa de golpe de Estado" pelas autoridades são-tomenses e condenada pela comunidade internacional. "Qual é o  nível de hierarquia entre o primeiro-ministro e o Presidente da República?", questiona o analista são-tomense Olívio Diogo.

São Tomé e Príncipe (fotografia ilustrativa).
São Tomé e Príncipe (fotografia ilustrativa). LUSA - ESTELA SILVA
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Desde sexta-feira, 25 de Novembro, circulam imagens de homens com marcas de agressão, ensanguentados e com as mãos amarradas atrás das costas, ainda com vida e também já na morgue. "Apesar de todas as imagens que correram o mundo, a população são-tomense continua a fazer a sua vida de forma normal, como se aquilo não tivesse acontecido aqui no país", descreve o analista são-tomense Olívio Diogo.

Os outros detidos encontram-se detidos na Polícia Judiciária, enquanto esperam ser encaminhados para o Ministério Público, onde vão ser ouvidos. O antigo Presidente do Parlamento, Delfim Neves, tem os seus advogados a acompanhar a detenção, contrariamente aos outros detidos. No entanto, esclarece Olívio Diogo, "já foram feitas diligências junto da Ordem dos Bastonários para que seja assegurado o direito e assistência durante o interrogatório".

O Presidente são-tomense pediu uma investigação para apurar as motivações da tentativa de golpe de estado que deixou o país e a comunidade internacional em alarme. "O Presidente da República esteve muito mal neste processo porque demorou três dias a reagir", lembra o analista.

"É preciso perceber que a acção foi tardia, mas o conteúdo da mensagem do Presidente da República. Entendemos que o Presidente deveria ter sido o primeiro a falar e calmar a população porque para além de ser o mais alto representante da Nação também é o maior garante da Constituição da República e, sobretudo, é o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas", descreve.

Olívio Diogo descreve um processo nebuloso dando como exemplo o facto de o antigo Presidente do Parlamento ter saído do quartel com intervenção do representante das Nações Unidas. "Se não fosse o represente da ONU, o que teria acontecido", questiona.

"Não podemos esquecer que somos um país que vive com mais de 90% de doação externa e se queremos manter esta ajuda externa temos de respeitar os direitos humanos. O pior é que todas as imagens vieram cá para fora, filmadas e publicadas por militares. Esperamos que realmente seja feita uma investigação, como disseram o Presidente da República e o primeiro-ministro, que é outra pessoa que esteve muito mal neste processo. O primeiro-ministro foi o primeiro a falar, quando temos de ouvir primeiro o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas. Qual é o  nível de hierarquia entre o primeiro-ministro e o Presidente da República", questiona o analista político.

"O senhor primeiro-ministro assumiu todos os direitos. O senhor primeiro-ministro disse ter reunido com a ministra da Justiça, o Procurador-Geral da República e está completamente invertido e a usurpação do poder para sua excelência o senhor primeiro-ministro é claro. Importa saber qual será a reacção do Presidente da República daqui para a frente", sublinha.

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