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São Tomé e Príncipe: FONG alerta para "situação perigosa” e critica “secretismo” dos funerais

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Quinze dias após o ataque ao quartel, a Justiça de São Tomé e Príncipe tem em curso dois processos para tentar apurar a verdade dos factos. Eduardo Elba, secretário permanente da FONG, alerta para "situação perigosa” que se passou e critica o “secretismo total” à volta da forma como as autoridades procederam aos funerais das quatro vítimas mortais.

Eduardo Elba, secretário permanente da Federação de Organizações Não Governamentais em São Tomé e Príncipe.
Eduardo Elba, secretário permanente da Federação de Organizações Não Governamentais em São Tomé e Príncipe. © Cristiana Soares
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Quinze dias após o ataque ao quartel, a Justiça de São Tomé e Príncipe tem em curso dois processos para tentar apurar a verdade dos factos. Um que visa esclarecer a tentativa de golpe de Estado e outro a violação dos direitos humanos, com o homicídio e tortura de quatro suspeitos.

Eduardo Elba, secretário permanente da FONG, Federação de Organizações Não Governamentais em São Tomé e Príncipe, alerta para "situação perigosa” que se passou no país, critica o “secretismo” à volta da forma como as autoridades procederam aos funerais das quatro vítimas mortais e sugere que o dia 25 de Novembro passe a ser doravante o dia nacional dos direitos humanos.

“Ao ver as imagens [das agressões] criou-nos um grande espanto porque não pensávamos que a situação teria evoluído a ponto de haver casos de mortes e mortes em formato de tortura, de ofensas e por aí fora. A partir daí levantou-nos muitas questões. Reagimos com um comunicado a lamentar as duas situações: a intentona golpista e a forma como foram brutalmente maltratados e levados à morte.

Apelamos que houvesse um um inquérito independente internacional, porque entendemos que o estado de São Tomé não estava à altura, de sozinho, o fazer e, ao mesmo tempo, apelamos no sentido de haver identificação dos culpados, materiais e morais, e a respectiva responsabilização. 

Finalmente sugerimos que, a nível das estruturas públicas, se concebesse o dia 25 de Novembro como sendo o dia nacional dos direitos humanos.

É uma situação perigosa, porque pode abrir um precedente a outros tantos episódios tristes que esperemos que não venha a acontecer.

Eduardo Elba, secretário permanente da FONG, critica o "secretismo total” que existiu à volta das cerimónias fúnebres as quatro vítimas mortais do ataque ao quartel: “Não sei como é que esse dossier foi gerido, essa articulação com os familiares.

O certo é que foi mais uma surpresa para a população. Se calhar também pela própria família. Porque o que me pareceu é que o funeral ocorreu no secretismo total. Algumas pessoas, em número reduzido, estiveram no funeral, mas um funeral “disfarçado”. Algo que não deveria ter acontecido.

O primeiro mal já tinha acontecido, mas podia-se dentro desse contexto, com alguma articulação com os familiares, se permitirem que acompanhassem a despedida dos entes queridos.

Questionado sobre as possíveis motivações destes jovens que, supostamente, tentaram atacar o quartel-militar do Morro, Eduardo Elba sublinha que num país caracterizado por falta de emprego e muitos problemas sociais, os jovens podem ser facilmente aliciados, todavia acrescenta que só "loucura" poderia arrastar quatro indivíduos, civis, desarmados para um assalto ao quartel: “não consigo agora desmistificar as motivações, mas temos um país caracterizado por falta de emprego jovem, com muitos problemas sociais. Por aí, podem ser facilmente aliciados, não é? Arrastados para esse tipo de situação, mas não consigo, de facto, encontrar motivações.

Porque, para já, esta tentativa de quatro indivíduos assaltarem um quartel só pode ser gente louca. Tinha de ser alguém muito, muito frustrada, numa situação de desespero total para correr um risco destes.

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