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Falta de igualdade de género na Igreja leva a "desinteresse" dos jovens

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Maria João Sande Lemos é fundadora do movimento "Nós somos Igreja" que defende um maior papel para as mulheres na Igreja Católica, incluindo a ordenação. Para esta activista, as mulheres só terão igualdade na hierarquia no Vaticano quando o celibato obrigatório dos padres acabar.

Maria João Sande Lemos defende um papel mais preponderante para as mulheres na Igreja Católica.
Maria João Sande Lemos defende um papel mais preponderante para as mulheres na Igreja Católica. © Catarina Falcao
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A mulher que quer paz, a mulher do lar e a mulher como base da Igreja Católica têm sido referenciadas pelo Papa Francisco em Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude. No entanto, Maria João Sande Lemos considera há vários anos que a mulher deve ser mais do que isso, defendendo a ordenação das mulheres e maior participação feminina nos lugares de destaque do Vatica.

"O Papa Francisco fez alguns esforços, de pôr leigas no Conselho Sinodal, mas muito poucas. Eu acho que o problema das mulheres na Igreja só se resolve com o fim do celibato obrigatório e enquanto a Igreja Católica não resolver o problema das mulheres na Igreja eu vejo com muita dificuldade o crescimento da Igreja", defendeu Maria João Sande Lemos em entrevista à RFI.

Sem igualdade, esta católica questiona como é que as raparigas e mulheres vão continuar a frequentar a Igreja e acreditar num instituição que só promove homens, especialmente num momento em que se pede que a juventude se mobilize.

"A JMJ correu muito bem, mas se formos ver o desinteresse dos jovens é muito grande, porque os jovens não se revêem. Como é que as raparigas e as mulheres se vão rever? É só olhar para o palco na Jornada. Aqueles cardeais todos, aqueles homens todos vestidos de branco. Onde está a representatitividade das mulheres? Quando as mulheres são a pedra angular do funcionamento da Igreja e sentimos uma grande revolta. É uma coisa horrível", declarou.

Para esta mulher política, que esteve na fundação do PSD e trabalhou na Comissão para a Igualdade dos Direitos das Mulheres portuguesa, tendo participado em conferências da ONU sobre o tema, a Igreja tem dado "um péssimo exemplos.

"Era uma grande ajuda [mais igualdade na Igreja] até para as mulheres europeias, que supostamente estamos mais avançadas [nos nossos direitos], mas depois há este tropeço da Igreja Católica que dá um péssimo exemplo. Não se explica esta segregação machista? Até porque isto é ao arrepio dos fundamentos da Igreja, as primeiras comunidades eram lideradas por mulheres. Era nas casas delas que se faziam as coisas", explicou.

O facto de as mulheres terem um papel reduzido na Igreja acabou por influenciar ao longo do tempo outras estruturas da sociedade, levando a um apagamento da história, segundo esta activista.

"As mulheres foram apagadíssimas da História. Houve rainhas que foram relevantes, mas o facto de a Igreja Católica que era predominante ser de tal maneira misógina que alastrou para as administrações púbicas e mesmo que os Governos façam um esforço, a IGreja Católica não está a caminhar nesse sentido", concluiu.

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