Nomeação de Dom Germano Penemote "é sinal de reconhecimento e maturidade da igreja angolana"
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O Papa Francisco nomeou este verão Germano Penemote como núncio apostólico da Igreja Católica no Paquistão. Trata-se do primeiro angolano a assumir esta função na diplomacia da Santa Sé. Uma missão num país de minoria cristã onde o diálogo inter-religioso assume uma posição capital.
Germano Penemote foi nomeado a 16 de Junho pelo Papa Francisco como representante do Vaticano no Paquistão. Quase dois meses depois, a 12 de Agosto foi ordenado bispo. Uma cerimónia que decorreu em Ondjiva, província do Cunene, a sua terra natal.
A cerimónia episcopal foi dirigida pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, em representação do sumo pontífice. Na esplanada de Nossa Senhora das Graças do Bispado de Ondjiva, o cardeal italiano lembrou a importância do posto e a necessidade do diálogo inter-religioso no combate à manipulação.
A alegria da Igreja de Ondjiva é grande, tal como é a da Igreja em Angola, pois trata-se do primeiro filho desta terra a ser chamado a desempenhar a função de núncio apostólico.
(...)
Um país de maioria muçulmana onde para além das disposições normativas em vigor, nem sempre é fácil assegurar o pleno respeito pelos direitos das minorias religiosas.
Lá encontrarás cerca de 1.5 milhões de fiéis católicos aos quais saberás testemunhar a solicitude do Papa e da Santa Sé, para que a sua comunidade sentindo uma forte vínculo com a igreja universal se fortaleça na sua fé e possam procurar caminhos de diálogos com os fiéis do islão e de outras religiões.
Trata-se de uma diálogo muito necessário para nos reconhecermos independentemente das diferenças e afastarmos os riscos de manipulação da religião.
Em resposta, Dom Germano Penemote agradeceu a nomeação papal: “Estou grato ao santo padre papa Francisco que me considerou digno de fazer parte dos seus representantes no mundo e neste caso particular no Paquistão.”
O novo núncio apostólico no Paquistão lembrou ainda as missões anteriores e o contributo das mesmas para evidenciar “a importância e o reconhecimento do diálogo intercultural na compreensão e na busca incansável da justiça social.”
Dom Germano Penemote nasceu em Ondobe, município do Cuanhama, no Cunene, a 24 de Outubro de 1969. Foi ordenado sacerdote a 06 de Dezembro de 1998, na Diocese de Ondjiva.
Até à nomeação, exerceu serviços diplomáticos na Santa Sé e trabalhou nas nunciaturas apostólicas do Benim, Uruguai, Eslováquia, Tailândia, Hungria, Peru e Roménia.
Contactado pela RFI, Dom José Manuel Imbamba, Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), fala num momento de "júbilo" e relembra que se trata de um acontecimento inédito na história da Igreja de Angola. "É sinal de reconhecimento e maturidade da nossa igreja".
O Presidente da CEAST sublinha igualmente a importância do diálogo inter-religioso nesta missão:
É um país de minoria cristã, com imensos desafios.
Ele [Dom Germano Penemote] vai em nome do amor, da fraternidade, da comunhão e de tudo aquilo que representa a missão do Papa Francisco no mundo.
O Santo Padre prima muito por esta cultura do encontro, da partilha e da solidariedade. Esse canal de diálogo deve ser fluido e permanente para que,verdadeiramente, não sejam as grandes religiões causadoras dos piores pecados sociais.
Claro, como representante da Igreja Católica, levará a linguagem do amor e é com esta linguagem que vai procurar aproximar-se daqueles irmãos que vivem e processam a fé na religião deles. “
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