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"Jazzy Bird": Sentir-se “em casa” numa “casa de jazz” no Mindelo

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Esta é uma história de amizade e amor pela música. O bar Jazzy Bird tem 25 anos e espelha o espírito do Mindelo, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Aqui ouve-se simplesmente música e convive-se. Vou Monteiro, sócio-gerente do espaço, contou-nos essa história, momentos antes de mais um concerto ao vivo.

Vou Monteiro, Jazzy Bird, Mindelo, Ilha de São Vicente, em Cabo Verde. 25 de Março de 2022.
Vou Monteiro, Jazzy Bird, Mindelo, Ilha de São Vicente, em Cabo Verde. 25 de Março de 2022. © Carina Branco/RFI
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Vou Monteiro nunca está quieto, muito menos antes de um concerto no seu bar, ou melhor, no passeio lá fora que rapidamente se enche para ouvir os músicos que ele convida. Estamos no Jazzy Bird, uma aventura com 25 anos que espelha o espírito do Mindelo, na ilha de São Vicente. Aqui ouve-se simplesmente música e convive-se.

Esta noite, o "cabeça-de-cartaz" é Bau, um dos músicos da terra mais conhecidos e um “homem da casa”, já acarinhado pelo público do Jazzy Bird. Tendo em conta os 25 anos de existência e resistência, o bar pode ser considerado histórico mas é, antes de mais, uma história de família, amizade e amor pela música.

Uma das coisas que tornou este espaço histórico é esse tempo de existência, já lá vão 25 anos que estamos aqui”, começa por contar Vou Monteiro quando questionado se o Jazzy Bird é um ponto histórico do convívio e da música no Mindelo.

A história começa quando era ainda menino porque o espaço é a antiga casa da avó, onde viveu. Um dia, ele e um amigo de infância, ambos “apaixonados pela música”, têm a ideia de transformar o espaço num bar que se distinguisse dos habituais botequins. Um bar para as pessoas sentarem e conviverem, diz. Vou Monteiro trabalhava na delegacia de saúde e não tinha “nenhuma queda para este tipo de negócio”. Mesmo assim, quando esse amigo Alexandre Novais estava de férias no Mindelo, decoraram o espaço, meteram “um frigorífico, três mesas”, e, num dia de Carnaval, a 27 de Fevereiro de 1997, decidem abrir.

Esse amigo que estava aqui de férias disse: ‘É hoje que vamos abrir!’ Viemos aqui os dois com as bebidas locais, o ponche, o grogue… Era uma coisa que faltava em São Vicente porque não havia um espaço assim, onde as pessoas podiam sentar para conviver, para falar um bocadinho. Em São Vicente, sempre existiu aquilo que se chamava um botequim, com um balcão, as pessoas ficavam em pé, tomavam uma bebida e saíam de imediato. Esse conceito de sentar, conviver, nesse estilo de ‘pub’ não existia”, recorda.

Passado alguns anos, o Jazzy Bird começa a ter música ao vivo graças à motivação de outro amigo vindo de Portugal, o saxofonista Teck Duarte, ainda hoje homenageado por uma enorme fotografia no Jazzy Bird.

“Ele fez toda a sua caminhada em Portugal, a tocar em grandes hotéis, em grandes espaços. Quando resolve regressar para a terra, ele já me conhecia desde menino, e no primeiro ou segundo dia que chegou, parou o carro aqui em frente, nessa porta, chamou-me, ai e tal, cumprimentou e disse: ‘Eu regressei, aqui é o local ideal para eu vir tocar aqui.’ Eu respondi: ‘Não Teck, aqui não vamos fazer nada disso porque não tenho estrutura, não tenho mesa de som, não tenho nada’. E ele: ‘Deixa por minha conta’”. E foi assim que começaram a soar as notas ao vivo no bar.

Primeiro, era o Teck Duarte sozinho, depois era ele e outros companheiros com o projecto Som das Ilhas. Seguiu-se o quarteto da nova geração de músicos Khaly Angel, Buna Lima, Yvan Medina e Kis Oliveira. A lista de artistas que por ali passaram, e passam, é longa, mas não se pode esquecer Bau, que toca no dia desta entrevista, nem Hernâni Almeida, na origem de outro projecto de Vou Monteiro. É precisamente com o guitarrista Hernâni Almeida e o amigo Alexandre Novais que Vou Monteiro cria o Mindel Summer Jazz, que já teve 9 edições e levou vários músicos dos quatro cantos do mundo ao Mindelo.

Ou seja, tudo começou na casa da avó que se transformou numa casa da música ao vivo, “um local pequeno onde as pessoas se sentem em casa”.

Se já conseguimos resistir até aqui, agora é ir para a frente”, conclui Vou Monteiro, antes de ir correr ajudar os músicos a fazerem o “sound check” para mais um concerto.

Oiça aqui a entrevista:

11:05

Reportagem no Jazzy Bird

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