Polícia egípcia reprime manifestação por reformas políticas

A polícia egípcia usou canhões d’água e gás lacrimogênio contra manifestantes diante do palácio presidencial no Cairo, segundo imagens da TV estatal. Por ocasião do segundo ano da queda do ditador Hosni Mubarak, centenas de milhares de egípcios foram às ruas para pedir reformas políticas e sociais.

Manifestantes egípcios protestam contra governo islâmico da Irmandade Muçulmana. REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

O protesto foi convocado por grupos e partidos de oposição para pedir ao presidente islâmico Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, de colocar em prática os objetivos da revolta popular que permitiu que os muçulmanos fossem eleitos. Entre as reivindicações estão: um novo governo, agora de união nacional, emendas à constituição redigida por uma comissão dominada por islâmicos e a demissão do procurador-geral nomeado por Mursi.

Os manifestantes tinham faixas com dizeres como “A revolução continua” ou “Abaixo o poder da Irmandade Muçulmana”. O protesto conseguiu perturbar brevemente a circulação do metrô no centro da capital e também o tráfico de uma importante ponte. As autoridades reforçaram a segurança em torno do palácio presidencial, do ministério do Interior, da praça Tahrir, e de alguns prédios públicos.

Hoje no Egito muitos se sentem traídos por ver que os principais objetivos da revolta que derrubou Mubarak – liberdade e justiça social – ainda não são uma realidade. As críticas são também de que o partido hoje se divide entre os partidários islâmicos de Mursi e uma oposição heterogênea, de maioria liberal e de esquerda.

Além da crise politica, o Egito também enfrenta uma grave crise econômica, gerada pela fuga de capital estrangeiro e turismo em baixa.

Hosni Mubarak, de 84 anos, doente e condenado à prisão perpetua, espera um novo julgamento em meio a uma grande indiferença da maioria da população egípcia.