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Angola/Cabinda

Governo angolano admite acções de independentistas em Cabinda

As autoridades angolanas admitiram a existência de acções de guerrilha de movimentos independentistas em Cabinda. O Ministro de Estado e Chefe da Casa de segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, garante, porém, que a paz é efectiva no enclave rico em petróleo onde sectores independentistas denunciam a ocupação angolana desde 1975, afirmando que o território ainda é um protectorado português.

Mercado de São Pedro em Cabinda em Abril de 2020.
Mercado de São Pedro em Cabinda em Abril de 2020. © AFP - Daniel Garelo Pensador
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O general Pedro Sebastião, Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República de Angola,  admitiu  durante uma conferencia de imprensa em Luanda nesta quarta-feira que a província de Cabinda tem sido palco de vez em quando, de acções de guerrilha, embora descartando a existência de uma situação de instabilidade, e afiançando que o território vive uma paz efectiva.

Pedro Sebastião respondia a uma questão referente a recentes notícias sobre um alegado reconhecimento tácito pela ONU (Organização das Nações Unidas) da existência de um grupo de guerrilha em Cabinda, que colocaria o Enclave na lista dos 16 locais e paises, classificados pelas Nações Unidas como de grande  instabilidade, o que dificultaria o combate à pandemia da Covid-19.

Cessar fogo da FLEC-FAC e reconhecimento pela ONU dos independentistas

Na semana passada a ONU colocou esta província angolana como território de um dos 16 grupos de guerrilha que aceitaram reduzir a sua acção para permitir um melhor combate à Covid-19, como veiculado pela ABC News.

Na realidade a FLEC-FAC, Frente de libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas Cabindesas, anunciou ter implementado um cessar fogo há meses na sequência de um pedido de António Guterres, secretário-geral da ONU para a cessação das hostilidades à escala planetária.

E isto por forma a se garantir o combate em curso contra o novo coronavírus.

Angola descarta guerra, mas admite acções também em Cabinda

Pedro Sebastião acabou por admitir, como não sucedia há muito tempo da parte de um membro do executivo de Luanda, que "de vez em quando, aqui e acolá, podem surgir grupos que possam fazer uma ou outra acção em Cabinda devido à porosidade das fronteiras".

"De vez em quando, aqui e acolá, podem surgir grupos que possam fazer uma ou outra acção não como acção organizada", afirmou, acrescentando que a guerrilha tem a particularidade de tão depressa estar em sossego como a criar instabilidade.

Sobre os elevados comunicados de guerra emitidos pela Frente de Libertaçao do Estado de Cabnda, FLEC, que clama pela independência, o tambem general na reforma disse que "as notícias de Cabinda nas redes sociais não correspondem à verdade, há naquele território uma paz efectiva", garantiu.

O ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, explicou que, "tal como em Lunda há grupos de marginais, também é possível que em Cabinda, com as fronteiras porosas que temos, possam surgir aqui e acola situações de violência, mas daí a considerar que existe uma situação de instabilidade, vai uma grande distância".

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Pedro Sebastião, Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República de Angola

FLEC-FAC convida Ministro angolano a Cabinda

Imediatamente os independentistas emitiram um comunicado , onde convidam o general a visitar o Enclave, com garantias da sua segurança, afirmando que este se tratou de um "momento de lucidez" do dirigente angolano.

A FLEC denuncia a suposta falta de informação do governante, afirmando que ele precisa de se inteirar da realidade.

Escreveu a FLEC-FAC que " o general Pedro Sebastião honra desta forma as famílias angolanas enlutadas pelos

seus filhos soldados angolanos que morreram em combate em Cabinda."

A FLEC mantém viva a comunicação de acções de guerra e, segundo os ultimos comunicados no sábado passado foi ainda anunciada a morte de pelo menos 22 pessoas, incluindo soldados das Forças Armadas Angolanas .

A luta contra a ocupação angolana do enclave, situado entre o Congo (Brazzaville) e a República Democrática do Congo, e por isso, sem continuidade geográfica com o resto do território de Angola, passou mesmo por uma acção violenta que se traduziu na morte de dois futebolistas do Togo em 2010, quando Angola, e também Cabinda, foi anfitriã do Campeonato Africano das Nações.

UNITA contesta desmentido de Angola do conflito em Cabinda

Recentemente  o deputado da UNITA, Raúl Danda, primeiro-ministro do Governo sombra da UNITA (União nacional para a independência total de Angola), o maior partido da oposição, e deputado do enclave, considerou igualmente  que é uma "verdadeira insanidade o Governo angolano negar a existência de um conflito armado em Cabinda".

No plano da saúde em Cabinda, as autoridades diagnosticaram 3 casos suspeitos de Covid-19 que colocou o Hospital Provincial 28 de Agosto e uma parte do Bairro 4 de Fevereiro em cerca sanitária desde terça feira.

No início do mês de Junho, a FLEC/FAC reivindicou a morte de 13 militares das Forças Armadas Angolanas em confrontos na província de Cabinda, o governador de Cabinda negou as mortes e falou em  “pura mentira para aldrabar a comunidade internacional”.

Os independentistas continuam a advogar que o território estaria ligado a Portugal na sequência do Tratado de Simulambuco, assinado em 1885.

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