Zagueiro-artilheiro, Marquinhos do PSG já pensa em seleção brasileira

Um dos grandes destaques da goleada de 3 a 0 do PSG sobre o Benfica pela Liga dos Campeões da Europa, o zagueiro Marquinhos saiu de campo elogiado pelo treinador e companheiros de equipe. Autor do segundo gol da vitória que levou o time parisiense à liderança isolada do grupo C, o brasileiro de 19 anos quer aproveitar o bom momento para se firmar entre os titulares e já sonha em vestir a camisa da seleção brasileira.

E. Ramalho

De terno e gravata, com um indisfarçável sorriso de satisfação no rosto, o brasileiro é um dos últimos jogadores do Paris Saint-Germain a passar pelo corredor da zona mista do Parque dos Príncipes após a partida contra o Benfica. Ele para gentilmente para responder perguntas de jornalistas italianos antes de falar no microfone da Rádio França Internacional sobre sua contribuição para vitória do PSG, a boa fase nos gramados e sua ambição de ser convocado pela seleção brasileira.

“Meu trabalho é atrás para não deixar a outra 'squaddra' fazer os gols. Mas se saio de campo essa noite fazendo gol é ainda mais belo, mais lindo para mim”, reage, ainda com a influência da língua italiana, ao comentar sobre o gol anotado por ele contra o Benfica aos 25 minutos. Depois de um escanteio mal defendido pelo time português, uma tabela entre jogadores do PSG acaba em um cruzamento para a área onde Marquinhos estava livre e só teve o trabalho de chutar com o pé esquerdo para o fundo das redes.

Depois da comemoração com os companheiros, Marquinhos se ajoelhou em campo e ergueu as mãos ao céu em sinal de agradecimento. Foi o terceiro gol dele pelo PSG e também de uma carreira que começou no Corinthians, teve uma passagem relâmpago pelo Roma antes de chegar a Paris.

“Até eu estou surpreendido, mas isso é resultado de um trabalho que está sendo feito por trás, depois de uma chegada difícil”, lembra. Marcos foi contratado pelo PSG em julho junto ao Roma por 31,4 milhões de euros e chegou à capital francesa doente, com um vírus intestinal que atrasou sua estreia no clube.

“Todo o staff teve muita paciência. Eu trabalhei duro, firme e muito motivado, sem perder a motivação e hoje está coroando todo esse trabalho que fiz lá atrás”, avalia.

Depois da recuperação do vírus, Marquinhos teve também que esperar uma primeira oportunidade de entrar em campo em uma posição onde a disputa é acirrada. Ela surgiu com a contusão de outro brasileiro, Alex.

Sua estreia como titular do PSG aconteceu na primeira rodada da Liga dos Campeões contra o Olympiakos, da Grécia. A aposta do treinador Laurent Blanc foi arriscada e a atuação de Marquinhos foi criticada especialmente pelo drible tomado no meio das pernas que resultou no único gol do time grego, mas o zagueiro se redimiu ao marcar um dos gols da goleada de 4 a 1, o primeiro da carreira.

Com outro desfalque na zaga do PSG, desta vez a contusão do capitão Thiago Silva, o ex-corinthiano se manteve no time titular. E sua ascensão foi confirmada com outra boa atuação e mais um gol no último sábado contra o Toulouse pelo campeonato francês na vitória de 2 a 0 do PSG.

“É um jogador jovem e com muita promessa. Ele teve a oportunidade de marcar gols, é oportunista e isso é bom para nós”, afirmou seu companheiro Blaise Matuidi. “Mas acima de tudo é um bom zagueiro e acho que tem muito futuro. Ele faz parte de um grupo de jovens talentosos que vão nos ajudar a ganhar títulos”, completou o meio campista francês.

Após a partida contra o Benfica, o treinador Laurent Blanc também foi só elogios quando questionado sobre Marquinhos. “Ele está se afirmando, é um jogador jovem. Depois da partida contra o Olympiakos vocês (jornalistas) se mostraram céticos sobre seu nível de jogo. Mas ele está em ascensão, ele precisava de confiança', afirmou. “ Ele está provando que é um jogador de futuro”, concluiu Blanc.

Seleção brasileira ?

“Estou feliz com esse momento e estar ajudando o time com os gols é ainda mais belo. Estou vivendo um momento maravilhoso aqui”, diz Marquinhos sobre a fase. O zagueiro tem a sorte também de atuar ao lado de dois jogadores brasileiros de muita experiência, Alex e o capitão Thiago Silva, o que facilita sua adaptação e visibilidade.

“Ele tem uma grande personalidade e um grande professor do lado que é o Thiago Silva e tem tudo para se tornar um ídolo do PSG e da seleção também. Tenho certeza que ele vai chegar à seleção”, prevê Lucas Moura, atacante do PSG que em 10 meses de clube marcou apenas 1 gol.

“Porque não?”, reage Marquinhos sobre a possibilidade de ser chamado por Felipão “Tenho que sonhar sim, tenho que estar motivado. Atualmente estou jogando com a camisa do Paris Saint-Germain e porque não buscar a da seleção também ?”, questiona.

“Os companheiros estão falando de você lá, estão te motivando, o quanto você está bem, é gratificante”, diz esperançoso o jogador, que apesar de jovem, já é chamado de “Monumento”.