Terroristas ameaçam matar reféns de shopping no Quênia
Já dura mais de 40 horas o ataque do grupo radical islâmico Shebab a um centro comercial de Nairóbi, no Quênia. O balanço de vítimas ainda é provisório, mas pelo menos 69 pessoas morreram e quase 200 ficaram feridas. Em mensagem divulgada na internet, um porta-voz do grupo islâmico ameaça matar os reféns que ainda se encontram dentro do shopping.
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Um porta-voz do grupo islâmico divulgou uma mensagem na internet dizendo que, devido à pressão "das forças quenianas e dos aliados cristãos, os atiradores estavam autorizados a agir contra os prisioneiros". Pela manhã, foram ouvidos novos disparos e três fortes explosões dentro e fora do shopping Westgate. Soldados quenianos e as forças de elite israelenses vindas em reforço já fizeram pelo menos três tentativas de pôr fim ao assalto da milícia islâmica Al-Shebab, originária da Somália.
Frédéric Gallois, um ex-chefe da unidade de operações especiais da França, avalia que a operação de libertação dos reféns é complexa: "No plano tático, a manobra das forças quenianas é muito complicada. Será preciso encontrar uma solução para libertar o maior número de reféns, mas os terroristas devem ter colocado armadilhas nas entradas [do shopping]", alertou Gallois que também não descarta a hipótese de os reféns serem obrigados a portarem explosivos.
Filmes feitos pelas câmeras de segurança do shopping mostram que o grupo de atiradores é formado por cerca de 12 combatentes. Eles entraram no shopping pela entrada principal e pelo estacionamento fortemente armados com granadas, metralhadoras e pistolas. Segundo relatos de testemunhas, os reféns foram obrigados a orar e quem não conseguia recitar uma oração islâmica era friamente assassinado. Em sua conta no twitter, um dos membros da milícia declarou: "Só os infiéis foram mortos".
Ontem à noite, um grupo de reféns foi libertado. Mas não se sabe ao certo quantos reféns continuam em poder dos islamitas, que estariam encurralados em um dos pisos do shopping. A Cruz Vermelha queniana informou hoje que 63 pessoas estão desaparecidas. Entre os mortos figuram duas francesas, mãe e filha, três britânicos, um sul-africano, um sul-coreano, uma holandesa, um peruano, dois indianos e um famoso poeta ganense.
O Al-Shebab, que significa 'a juventude' em árabe, conta com 5 mil militantes, incluindo jihadistas estrangeiros de países ocidentais. O grupo tem ligações com a Al Qaeda e vem promovendo ataques contra o Quênia desde 2011 quando tropas quenianas entraram no sul da Somália para combater os militantes do grupo. O Al-Shebab chegou a controlar boa parte da Somália, mas foi expulso das cidades que dominavam no sul e no centro do país. Ainda assim, o grupo permanece como uma ameaça em potencial.
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