Acordo no Cairo prorroga em 24 horas cessar-fogo em Gaza
As negociações israelo-palestinas no Cairo decidiram por uma prorrogação da trégua, e as duas partes do conflito concordaram em estabelecer um prazo até a meia-noite desta terça-feira (19) para tentar chegar a um acordo para um cessar-fogo durável na Faixa de Gaza. No território, mais de dois mil palestinos já morreram desde o início de julho devido aos ataques israelenses.
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O anúncio foi acolhido com tristeza e apreensão pelos moradores do território palestino, onde famílias vivem em situação precária e milhares de casas ficaram destruídas pelos bombardeios da aviação israelense. Os combates foram interrompidos no dia 11 de agosto.
Reunidas na capital do Egito, as delegações palestina e israelense se comprometeram nesta segunda-feira a prorrogar em 24 horas o cessar-fogo atendendo a pressões dos mediadores egípcios.
Os habitantes de Gaza não esconderam a decepção com a prorrogação de uma trégua frágil e que não afasta a possibilidade de que os combates possam ser retomados a qualquer momento. "Os israelenses estão bem tranquilos. Já a minha casa foi destruída, e eu vivo com meu marido e meus filhos em uma casa da ONU", afirmou Manal Abou Abed, uma moradora de Gaza, de 40 anos, em entrevista à agência AFP.
Pronto para atacar
Até o último minuto, e como acontece sempre nos momentos finais das negociações, cada parte no conflito quis impor suas posições e não deu mostras de ceder às exigências do adversário. "O exército está pronto a atacar com força se os tiros voltarem", ameaçou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O governo israelense garante que sua ofensiva em Gaza foi decidida para justamente por fim ao lançamento de foguetes contra seu território. Um porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abou Zouhri, denunciou "ameaças sem valor algum".
Os palestinos, representados no Cairo por uma delegação com integrantes do Hamas, da Jihad Islâmica e da Organização para a Libertação da Palestina, afirmam que não vão assinar nenhum acordo sem o fim do bloqueio à Faixa de Gaza. Os israelenses exigem a desmilitarização do território palestino para dar o sinal verde à reconstrução de Gaza.
Pontos do acordo
A proposta egípcia do cessar-fogo apresenta um acordo sobre pontos considerados menos sensíveis. A zona pesqueira em Gaza seria ampliada de três para 12 milhas náuticas, os pontos de passagem seriam reabertos para o trânsito de pessoas e mercadorias, as zonas-tampão no interior do território desapareceriam e Israel contribuiria com ajuda humanitária e reconstrução.
O ponto-chave do acordo se refere à gestão da segurança do território e das discussões futuras com a Autoridade Palestina, uma manobra para descartar o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza desde 2007.
Os assuntos mais delicados como a abertura de um porto e de um aeroporto em Gaza, ou a restituição dos corpos de dois soldados israelenses mortos em troca de prisioneiros palestinos seriam discutidos dentro de um mês, após o retorno da calma e da estabilidade à Faixa de Gaza.
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