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Estados Unidos/Terrorismo

Plano de Obama contra Estado Islâmico inclui ataques e ajuda humanitária às vítimas

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou na noite desta quarta-feira (10) aos americanos um plano de combate aos jihadistas do Estado Islâmico baseado em quatro linhas de ação: intensificação dos ataques aéreos ao grupo no Iraque, treinamento e fornecimento de armas aos rebeldes sírios para que eles combatam os terroristas na Síria, envio de conselheiros militares de inteligência ao Iraque e ajuda humanitária às minorias perseguidas pelos ultrarradicais islâmicos.

O presidente Barack Obama anunciou que os Estados Unidos vão lutar contra o Estado Islâmico, mas sem tropas no Iraque.
O presidente Barack Obama anunciou que os Estados Unidos vão lutar contra o Estado Islâmico, mas sem tropas no Iraque. REUTERS/Saul Loeb
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Raquel Krahenbühl, correspondente da RFI, em Washington,

O presidente Barack Obama procurou acalmar uma nação que não quer que os Estados Unidos se envolvam em mais uma grande guerra, mas que teme cada vez mais a ameaça do grupo Estado Islâmico - que nas últimas semanas decapitou dois jornalistas americanos.

Obama prometeu que aqueles que ameaçam os EUA não vão encontrar nenhum porto seguro, que os Estados Unidos vão combater o grupo com força e determinação e que o Estado Islâmico vai ser degradado e destruído.

Pra alcançar esse objetivo, o presidente anunciou uma estratégia abrangente que inclui uma expansão da campanha militar americana contra os militantes sunitas.

Obama prometeu caçar os terroristas onde quer que eles estejam, e disse que não vai hesitar em agir contra o grupo também na Síria – um território considerado fundamental nessa luta, já que é onde o grupo nasceu e encontra espaço para se fortalecer.

O governo americano também vai expandir os ataques aéreos no Iraque, com o objetivo não apenas de proteger cidadãos americanos e missões humanitárias, mas também de atacar os extremistas, enquanto forças iraquianas partem para o combate.

Os Estados Unidos vão aumentar o apoio para os aqueles que lutam contra os terroristas diretamente. No Iraque, Obama anunciou o envio de mais 475 militares para apoiar as forças iraquianas e curdas com treinamento, inteligência e equipamento. Na Síria, o governo americano quer aumentar a assistência militar à oposição e o presidente pediu ao Congresso ajuda adicional para treinar e equipar esses combatentes.

Coalizões internacionais

Obama lembrou que essa não é uma luta apenas dos EUA e que é crucial o apoio do novo governo iraquiano e de paises árabes da região – que poderão ajudar a mobilizar comunidades sunitas no Iraque e na Síria para enfrentar os radicais islâmicos.

Os Estados Unidos estão liderando uma coalizão internacional ampla. Segundo o presidente, vários parceiros já estão se unindo aos esforços, seja enviando armas às forças de segurança no Iraque e à oposição na Síria, seja compartilhando inteligência ou fornecendo bilhões de dólares em ajuda humanitária.

Para mobilizar ainda mais a comunidade internacional em torno desse esforço, Obama vai presidir uma reunião no Conselho de Segurança da ONU nesse mês.

Apoio do Congresso

Além do apoio de outros países, Obama também quer assegurar um endosso dentro de Casa. O presidente, mesmo admitindo que tem autoridade para expandir a campanha militar contra os radicais islâmicos, pediu apoio ao Congresso. E ele tem pressa porque esse mês os congressistas deixam Washington para fazer campanha paras as eleições legislativas de novembro.

Líderes democratas no Senado já prepararam uma legislação para autorizar os militares americanos a treinar rebeldes sírios. Enquanto isso, os republicanos convocaram uma reunião de emergência nessa quinta-feira (11) para discutir opções contra os extremistas.

Os parlamentares elogiaram o presidente por finalmente apresentar uma estratégia à nação. A líder da minoria na Câmara, a democrata Nancy Pelosi, disse que o presidente apresentou “um plano concreto e contundente para destruir o Estado Islâmico”.

No entanto, para a oposição republicana, faltou detalhes. O presidente da Câmara, o republicano John Boehner, falou que Barack Obama apresentou um argumento convincente, mas muitas perguntas permanecem sobre a maneira como ele pretende atuar.

Outro tipo de guerra

Obama teve o cuidado de explicar que essa campanha militar mais ampla, apesar de poder levar anos, será diferente das guerras no Iraque e no Afeganistão. Ele insistiu que não haverá tropas terrestres e comparou os atuais esforços aos ataques aéreos - muitas vezes usando drones - que os Estados Unidos têm realizado há anos contra terroristas no Iêmen e na Somália, a uma guerra quase secreta.

A maioria dos americanos agora é a favor de ataques aéreos contra os extremistas no Iraque e na Síria, mas estão traumatizados com combates terrestres depois da morte de mais de 6 mil soldados nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Esse foi um pronunciamento delicado e difícil para um presidente que queria acabar com as guerras e agora pode acabar deixando uma guerra de herança para o próximo presidente americano.
 

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