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China/Espaço

China lançou sua primeira sonda independente para Marte

A China lançou esta quinta-feira a sua primeira sonda orbital independente em direcção a Marte, a sua mais ambiciosa missão espacial, que vai tentar pousar com sucesso no planeta vermelho em Fevereiro de 2021, o que até agora apenas foi efectuado pelos Estados Unidos, mesmo se os Emirados Árabes Unidos lançaram a primeira sonda árabe para Marte a 20 de Julho.

Foguetão chinês Longa Marcha-5 lançado a 23 de Julho de Hainan com destino a Marte, com a bordo a sonda Tianwen-1, composta por um orbitador de observação, um módulo de aterragem e um robot teleguiado.
Foguetão chinês Longa Marcha-5 lançado a 23 de Julho de Hainan com destino a Marte, com a bordo a sonda Tianwen-1, composta por um orbitador de observação, um módulo de aterragem e um robot teleguiado. AFP
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O nome da sonda não habitada Tianwen-1, o que significa Questões ao Céu, em chinês, é inspirado no poema do mesmo nome, escrito há dois mil anos por Qu Yuan, no qual ele se questiona sobre as estrelas e outros corpos celestes.

A sonda foi lançada esta quinta-feira (23/07) pelo foguetão Longa Marcha-5, a partir do centro espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no extremo sul da China e após percorrer cerca de 55 milhões de kms - o equivalente a 5.000 idas e voltas entre Paris e Nova Iorque -  e, se tudo correr bem, deveria atingir o campo de gravidade de Marte em fevereiro de 2021.

Esta sonda, movida a energia solar e do tamanho de um carrinho de golfe de 240 quilogramas e é composta por três elementos: um orbitador de observação, que captará imagens e dados em torno do planeta Marte, um módulo de aterragem e um "rover" ou pequeno robot teleguiado, que vai analisar Marte, procurar água e gelo no seu subsolo e recolher outro tipo de dados, como provas de uma possível vida antiga no planeta vermelho.

Os Estados Unidos vão lançar a 30 de Julho de Cap Canaveral, na Florida, o foguetão Atlas V com a bordo robot de controlo remoto Perseverança, o quinto veículo para a exploração de Marte, movido por seis rodas motrizes, com captores em três dimensões, um computador, uma câmara com duas objectivas e instrumentos científicos, para tentar captar indícios de vida no planeta. 

O Perseverança deverá atingir Marte a 18 de Fevereiro e é o mais sofisticado, maior - tem 3 metros de comprimento e 2,70 metros de largura e o mais pesado jamais enviado pela NASA a Marte.

A sonda chinesa Tianwen-1 segue-se à sonda orbital Hope, a primeira sonda árabe, lançada pelos Emirados Árabes Unidos, a partir do Japão, na passada segunda-feira (20/07) que pretende explorar a atmosfera de Marte.

Os três países escolheram este momento para lançar as respectivas sondas, porque é o período em que Terra e Marte estão mais próximos, situação que se repete a cada 26 meses.

Não é a primeira vez que a China tenta ir a Marte

Em 2011 a sonda orbital chinesa Yingho a bordo do foguetão russo foi lançada do Cazaquistão, mas não conseguiu sair da órbita da Terra e acabou por arder na atmosfera.

O programa espacial da China desenvolveu-se rapidamente nas últimas décadas.

Yang Liwei tornou-se, em 2003, o primeiro astronauta chinês, e no ano passado, Chang'e-4 foi a primeira nave a pousar na face não visível da lua a partir da terra, em Junho último terminou a constelação de satélites do seu sistema de navegação Beidu, rival do GPS americano e prevê construir uma estação espacial em 2022.

Aterrar em Marte é particularmente difícil.

Até agora apenas os Estados Unidos pousaram com sucesso uma nave no solo marciano, o que aconteceu oito vezes desde 1976.

Os veículos espaciais InSight e Curiosity da NASA continuam a operar até hoje.

Seis outras naves espaciais estão a explorar Marte a partir da órbita do planeta: três norte-americanas, duas europeias e uma da Índia.

A China controla rigorosamente as informações sobre o seu programa espacial e preocupações com a segurança nacional levaram os Estados Unidos a restringir a cooperação entre a NASA e o programa espacial da China.

Num artigo publicado no início deste mês na revista Nature Astronomy, o engenheiro-chefe da missão chinesa, Wan Weixing -falecido de cancro em Maio passado - disse que o Tianwen-1 entraria em órbita em torno de Marte em fevereiro de 2021 e que procuraria um local de pouso na Utopia Planitia - uma planície onde a NASA detectou possíveis evidências de gelo subterrâneo.

O caminho da China para Marte deparou-se com alguns entraves: o lançamento do foguete Longa Marcha 5, marcado para o início deste ano, acabou por falhar.

A pandemia do novo coronavírus forçou também os cientistas a trabalharem a partir de casa.

Enquanto a China tenta juntar-se aos Estados Unidos, Rússia e Europa através da missão conjunta ExoMars prevêm enviar o robot Rosalind Franklin à superfície de Marte em 2022 e trabalham juntas na criação de um sistema de navegação global por satélite.

Mas segundo especialistas, a China não está a tentar concorrenciar os Estados Unidos na liderança da exploração espacial, mas estaria numa "corrida lenta" com o Japão e a Índia para se estabelecer como potência espacial na Ásia.

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