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China/Alibaba/Xi Jinping

China: Jack Ma, fundador da plataforma Alibaba "desaparecido" desde outubro

Jack Ma, multimilionário chinês de 56 anos, fundador do gigante de comércio digital Alibaba, a "Amazon chinesa", está "desaparecido" desde outubro, após ter criticado o governo, que retorquiu bloqueando as suas ambições de entrada na Bolsa de Valores, mas em pano de fundo está a luta entre dois clãs no Partido Comunista Chinês: a ala do Presidente Xi Jinping e a mais liberal ligada ao antigo Presidente Jiang Zemin, de que Jack Ma é suspeito ser a "lavandaria".

Jacka Ma, fundador da empresa de comércio digital Alibaba, não é visto em público desde finais de outubro 2020, quando criticou o regime chinês.
Jacka Ma, fundador da empresa de comércio digital Alibaba, não é visto em público desde finais de outubro 2020, quando criticou o regime chinês. AP - Thibault Camus
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Jack Ma, o Steve Jobs chinês, multimilionário e fundador da mega plataforma internacional de comércio e pagamentos online Alibaba, membro do Partido Comunista Chinês - PCC - normalmente muito activo nas televisões, redes sociais e tribunas chinesas e internacionais, está desaparecido desde finais outubro, depois de ter criticado o governo chinês

O antigo professor de inglês criou um império na internet com a empresa de e-comércio Alibaba, que representa cerca de 86 mil milhões de dólares de vendas anuais e é conhecida como o equivalente chinês da Amazon de Steve Jobs, era até há pouco adulado pelo PCC como "empresário modelo, pela sua contribuição à economia".

A última vez que Jack Ma foi visto em público, foi em outubro, durante um fórum financeiro em Xangai, no qual fez um discurso bastante crítico ao governo chinês, tendo acusado abertamente os órgãos reguladores do país de retrógrados e de estrangularem a inovação na indústria financeira chinesa, afirmando "não podemos regulamentar o futuro com meios do passado".

A sanção não tardou e poucos dias depois o governo bloqueou a entrada na Bolsa de Valores da Ant Group, o braço financeiro da Alibaba, uma operação que representaria a injecção de 34 mil milhões de dólares nas bolsas de Hong Kong e Xangai, o que equivaleria à maior entrada de dinheiro de sempre no mercado financeiro mundial e que teria sido travada pela intervenção pessoal do Presidente Xi Jinping.

Segundo o Wall Street Journal, as autoridades de Pequim tentam diminuir o império tecnológico de Jack Ma e, eventualmente, entrar no capital de parte de suas empresas.

Além de bloquear sua entrada na Bolsa, os reguladores do mercado financeiro chinês lançaram um processo anti-trust contra Alibaba e seu quase monopólio, por abuso de posição dominante, alegando que o gigante do comércio online teria forçado agentes do sector a trabalharem exclusivamente com a empresa de Jack Ma.

De acordo com Alex Payette, especialista canadiano em política chinesa, há anos que Jack Ma está no fulcro de uma guerra entre dois clãs no seio do Partido Comunista Chinês: por um lado a ala fiel ao Presidente Xi Jinping e à sua alegada luta contra a corrupção lançada desde a sua eleição em 2013, contra personalidades do "antigo regime", dissidentes e activistas, e a rede tentacular encarnada por Jiang Zemin, que dirigiu a China entre 1993 e 2003 e é o inimigo número um do actual chefe de Estado.

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Fundador da Alibaba "desaparecido" desde outubro

Jack Ma "lavandaria" do clã Jiang Zemin

Payette explica que as principais empresas de pagamento eletrónico, telecomunicações, tecnologias de informação e até aeroespaciais da China têm um denominador comum: Jiang Mianheng, filho de Jiang Zemin e patrão da China Telecom, China Mobile e outras empresas, enquanto o neto do ex Presidente, Jiang Zhicheng, não apenas é próximo de Jack Ma, como a sua empresa Boyu é um dos investidores no Ant Group, o braço financeiro da Alibaba.

Para o especialista, Jack Ma, Alibaba e Ant Group representam o “antigo regime” e dinheiro da família Jiang Zemin e os obstáculos impostos por Pequim fariam parte de uma estratégia para enfraquecer o empresário e os seus parceiros financeiros.

Ao atacar Alibaba, o Presidente "perpétuo" Xi Jinping ataca, indiretamente, os seus inimigos no seio do PCC, visando eliminar qualquer tipo de oposição antes do fim de seu segundo mandato, em 2022, mesmo se desde 2018 não há limite de mandatos presidenciais e se isso passar por uma "limpeza política" que pode enfraquecer um dos campeões chineses na luta contra os gigantes norte-americanos Google, Apple, Facebook e Amazon - GAFA.

"Desaparecimento" de Jack Ma

Os rumores de que as autoridades de Pequim seriam responsáveis pelo desaparecimento de Jack Ma circulam há semanas.

Desde que Xi Jinping se tornou o líder do Partido Comunista, em 2012, a China iniciou uma grande campanha anticorrupção que resultou na prisão de empresários, mas também no desaparecimento de alguns inimigos do regime.

Face às especulações, as equipas de Jack Ma informaram recentemente que ele "não desapareceu”, mas simplesmente preferiu manter-se mais discreto até nova ordem, mas não especificaram de onde viria essa nova ordem.

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