Afeganistão: ONG's suspendem ajuda humanitária no país
No Afeganistão, as restrições à liberdade das mulheres e a violação dos seus direitos acumulam-se. O regime talibã proíbiu às afegãs de trabalhar em organizações não-governamentais. A ONU decidiu hoje suspender temporáriamente vários programas de ajuda no país.
Publicado a:
Ouvir - 01:16
No Afeganistão, mais de 28 milhões de pessoas, ou seja dois terços da população, depende de assistência humanitária para sobreviver. Sem a participação das suas empregadas, muitas organizações não-governamentais não podem continuar a funcionar. Na segunda-feira, meia dúzia de ONG's suspenderam as suas actividades no país, como a Save the Children, a CARE e Conselho Norueguês para os Refugiados, entre outras.
A organização International Rescue Committee, que fornece ajuda em saúde, educação e outras áreas e emprega 3 000 mulheres em todo o Afeganistão, também anunciou suspender as suas atividades.
Por seu lado, a ONU alertou que a participação das mulheres é essencial em "todos os aspetos da resposta humanitária no Afeganistão", uma vez que podem aceder a "populações que os homólogos masculinos não podem alcançar".
Apesar das suas promessas de maior flexibilidade, os Talibãs voltaram a uma interpretação ultra-rigorosa do Islão. Desde o seu regresso ao poder, as mulheres foram progressivamente afastadas da vida pública e excluídas dos colégios e liceus.
A crise económica piorou desde que os Talibãs voltaram ao poder em agosto do ano passado. A ONU prevê que cerca de 20 milhões de pessoas vão enfrentar fome aguda até o final de março de 2023
Com a ajuda humanitária bloqueada no país, esta nova violação dos direitos das mulheres vai certamente afetar a população no seu todo.
Os países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados-Unidos, França, Itália, Reino-Unido e União Europeia) reclamaram aos Talibãs, nesta quinta-feira dia 29 de dezembro, a anulação "urgente" da proibição de mulheres que trabalham para a ONU e no setor humanitário, no país.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro