Prolongamento do Acordo sobre os cereais ucranianos por apenas 60 dias
Após negociações sob a égide da Turquia e da ONU, o acordo internacional de Julho de 2022 sobre a exportação de cereais ucranianos, fundamental para evitar uma crise alimentar, foi renovado in extremis no próprio dia em que estava prestes a caducar, mas apenas por 60 dias e não por 120 como pretendido pela Ucrânia.
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O presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciou ontem que o acordo para o escoamento seguro dos cereais ucranianos voltou a ser prolongado – embora tivesse omitido qual a duração desta extensão.
O acordo expirava precisamente ontem – foi originalmente assinado em Julho do ano passado em Istambul, com uma validade de 120 dias, depois de uma mediação da Turquia e das Nações Unidas, e foi prolongado por 4 meses em Novembro passado. Durante os últimos 8 meses, cerca de 25 milhões de toneladas de cereais ucranianos foram escoados através do Mar Negro, o que levou a uma descida dos preços dos cereais nos mercados internacionais, que tinham registado um pico por causa do início da guerra na Ucrânia. Este país e a Rússia são dois dos principais produtores de cereais no mundo.
Ucrânia, ONU e Turquia queriam agora também um novo prolongamento pelo mesmo período, mas Moscovo insistiu numa extensão de apenas 60 dias. Ainda assim, ontem Oleksandr Kubrakov, o ministro ucraniano das infra-estruturas, alegou que o acordo tinha sido prolongado por 4 meses.
A Rússia colocou reservas a esta extensão porque alega que um acordo paralelo, assinado entre a ONU e Moscovo, e que permite a exportação de produtos alimentares russos, nomeadamente cereais, e fertilizantes, não tem funcionado porque as sanções económicas impostas pelo mundo ocidental na prática impedem os pagamentos internacionais, o trânsito de navios russos e apólices de seguros sobre esta carga. Moscovo critica também o facto de que grande parte dos cereais ucranianos escoados não ter chegado aos países mais necessitados, nomeadamente na África e na Ásia. De facto, 75% dos cereais ucranianos exportados acabou em países desenvolvidos, e cerca de metade foram transportados para quatro países apenas: China, Espanha, a própria Turquia e Itália.
Por agora, o acordo – o único entre as duas partes beligerantes desde o início do conflito, permanece intacto. Resta saber até quando.
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