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Ucrânia / Rússia

Prolongamento do Acordo sobre os cereais ucranianos por apenas 60 dias

Após negociações sob a égide da Turquia e da ONU, o acordo internacional de Julho de 2022 sobre a exportação de cereais ucranianos, fundamental para evitar uma crise alimentar, foi renovado in extremis no próprio dia em que estava prestes a caducar, mas apenas por 60 dias e não por 120 como pretendido pela Ucrânia.

Navios carregados com cereais no estreito do Bósforo, na Turquia, em Outubro de 2022.
Navios carregados com cereais no estreito do Bósforo, na Turquia, em Outubro de 2022. AFP - OZAN KOSE
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O presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciou ontem que o acordo para o escoamento seguro dos cereais ucranianos voltou a ser prolongado – embora tivesse omitido qual a duração desta extensão.

O acordo expirava precisamente ontem – foi originalmente assinado em Julho do ano passado em Istambul, com uma validade de 120 dias, depois de uma mediação da Turquia e das Nações Unidas, e foi prolongado por 4 meses em Novembro passado. Durante os últimos 8 meses, cerca de 25 milhões de toneladas de cereais ucranianos foram escoados através do Mar Negro, o que levou a uma descida dos preços dos cereais nos mercados internacionais, que tinham registado um pico por causa do início da guerra na Ucrânia. Este país e a Rússia são dois dos principais produtores de cereais no mundo.

Ucrânia, ONU e Turquia queriam agora também um novo prolongamento pelo mesmo período, mas Moscovo insistiu numa extensão de apenas 60 dias. Ainda assim, ontem Oleksandr Kubrakov, o ministro ucraniano das infra-estruturas, alegou que o acordo tinha sido prolongado por 4 meses.

A Rússia colocou reservas a esta extensão porque alega que um acordo paralelo, assinado entre a ONU e Moscovo, e que permite a exportação de produtos alimentares russos, nomeadamente cereais, e fertilizantes, não tem funcionado porque as sanções económicas impostas pelo mundo ocidental na prática impedem os pagamentos internacionais, o trânsito de navios russos e apólices de seguros sobre esta carga. Moscovo critica também o facto de que grande parte dos cereais ucranianos escoados não ter chegado aos países mais necessitados, nomeadamente na África e na Ásia. De facto, 75% dos cereais ucranianos exportados acabou em países desenvolvidos, e cerca de metade foram transportados para quatro países apenas: China, Espanha, a própria Turquia e Itália.

Por agora, o acordo – o único entre as duas partes beligerantes desde o início do conflito, permanece intacto. Resta saber até quando.

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