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Portugal / Brasil

Visita de Lula a Portugal prevista no final desta semana envolta em polémica

A perspectiva da visita de Estado do Presidente brasileiro Lula da Silva a Portugal a partir do dia 21 até ao 25 de Abril, data em que participa nas cerimónias oficiais do 49° aniversário da revolução de 1974, está a gerar alguma febrilidade política no país. Em causa está um pronunciamento de Lula da Silva durante a sua recente visita à China, em que considerou que "os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra" e que "a União Europeia deve começar a falar de paz".

Vozes da oposição e também da sociedade civil em Portugal deram conta da sua indignação depois de Lula dizer no sábado, no final da sua visita à China, que "os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra" e que "a União Europeia deve começar a falar de paz".
Vozes da oposição e também da sociedade civil em Portugal deram conta da sua indignação depois de Lula dizer no sábado, no final da sua visita à China, que "os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra" e que "a União Europeia deve começar a falar de paz". AP - Eraldo Peres
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Na sequência destas declarações proferidas no sábado, o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, instou o executivo do socialista António Costa a demarcar-se das declarações do Presidente brasileiro. Por sua vez, o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, considerou que a Assembleia da República “não pode receber um aliado de Putin como Lula no 25 de Abril”. Entretanto, André Ventura, líder do partido de extrema-direita Chega, reiterou que a sua formação vai organizar no dia 25 de Abril a “maior manifestação de sempre contra um dignitário estrangeiro em Portugal", conforme já tinha anunciado há algumas semanas atrás.

Também indignada, a Associação dos Ucranianos em Portugal anunciou hoje que está a preparar uma carta que tenciona entregar ao Presidente do Brasil durante a sua visita a Portugal. 

"A comunidade ucraniana está a preparar uma carta que vai entregar, quando [o Presidente] Lula [da Silva] visitar Portugal no 25 de Abril e também estamos a pensar em fazer uma manifestação, cujo local ainda não determinámos, para demonstrarmos a nossa posição. Não concordámos com o que Lula disse", declarou o líder da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha.

Na óptica desse dirigente associativo, a posição de Lula da Silva traduz um “apoio” aos regimes totalitários como a Rússia e a República Popular da China, o activista ucraniano referindo ainda esperar "que o Presidente Marcelo [Rebelo de Sousa] e o primeiro-ministro, António Costa, tentem mudar esta posição do Presidente Lula".

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Líder da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, em declarações recolhidas pela agência Lusa

Por sua vez, reagindo aos diferentes posicionamentos que surgiram durante o fim-de-semana, o chefe da diplomacia portuguesa, João Gomes Cravinho, vincou que a posição de Portugal face à guerra na Ucrânia "não deixa nenhuma margem para ambiguidades" e que as declarações do Presidente do Brasil sobre o conflito não embaraçam Portugal. 

"Não é embaraço nenhum. Como é que nós podemos estar embaraçados com aquilo que são as posições dos outros? Poderíamos estar embaraçados com as nossas próprias posições. Mas as nossas posições são claras", disse o Ministro Português dos Negócios Estrangeiros ao admitir que o conflito na Ucrânia poderá ser abordado com Lula da Silva

"A constatação de que a política externa portuguesa e a política externa brasileira não são idênticas não é uma surpresa para quem quer seja" declarou ainda Gomes Cravinho antes de acrescentar que "isso não obsta minimamente que haja entre Portugal e o Brasil uma relação muito forte, uma relação de grande profundidade e uma relação que terá agora com a visita do Presidente Lula uma nova oportunidade de intensificação".

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João Gomes Cravinho, Chefe da diplomacia portuguesa, em declarações recolhidas pela agência Lusa

Refira-se que a visita de Lula da Silva a Portugal foi anunciada em Dezembro pelo seu homólogo português. A seguir a Portugal, Lula da Silva desloca-se ainda à vizinha Espanha onde permanece entre os dias 25 e 26 de Abril.

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