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Cabo Verde: Demissão de ministro "justifica-se"

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O ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros e Defesa, Luís Filipe Tavares, pediu ontem demissão após a polémica provocada pela associação do cônsul honorário de Cabo Verde nos Estado Unidos, Caeser dePaço, à extrema-direita, em Portugal. O chefe do executivo Ulisses Correia e Silva já veio garantir que o governo e o partido que suporta não têm qualquer ligação com os partidos de extrema-direita, no entanto a líder do PAICV, Janira Hopfer Almada, fala num episódio grave e pediu explicações ao executivo sobre os motivos da demissão do responsável pela pasta da diplomacia.

Luís Filipe Tavares, ministro dos Negócios Estrangeiros e Defesa de Cabo Verde.
Luís Filipe Tavares, ministro dos Negócios Estrangeiros e Defesa de Cabo Verde. TIAGO PETINGA/LUSA
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Brito Semedo, professor universitário, defende que a demissão de Luís Filipe Tavares se justifica, lembrando que não havia outra saída para o governo, que já iniciou a campanha eleitoral para as legislativas de 18 de Abril.

"[Esta demissão] justifica-se. Nós estamos a três meses de eleições. Não convém que haja mais problemas para o partido no poder, porque as coisas estão difíceis. Sobretudo, depois das autárquicas em que o PAICV conseguiu ganhar a cidade da Praia. Então, o PAICV que está a crescer, pelo menos em convicção, acha que é a grande oportunidade e o MPD tem estado um tanto ou quanto na defensiva. Este ministro tem sido inapto nas decisões, muito criticado. E aconteceu mais esta e com a agravante de que se não fosse a investigação da SIC [canal de televisão privado em Portugal] em Cabo Verde não se saberia das coisas. Não havia outra saída, alguém tinha de pagar por isso, ser o bode expiatório", explicou.

Em comunicado, Luís Filipe Tavares argumenta que: "Não inquiri, nem poderia inquirir, sobre as simpatias políticas do Dr. DePaço no contexto americano e português, guiado pela inabalável crença na liberdade de escolha político-partidária que deve ser reconhecida a todos os cidadãos, sem quaSur le front lquer distinção”.

Brito Semedo refere que os argumentos do ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros e Defesa não são convincentes, admitindo que neste episódio Cabo Verde foi o primeiro a falhar.

"Não se tem cuidado com a imagem do país e agora vai-se associar as ligações com a Hungria, se temos financiamento da Hungria, a visita do primeiro-ministro [Victor Urban] ao país. Vai-se associar essas coisas todas. Tem de se tomar muito cuidado e a política deve ser feita com ética", salientou.

O professor universitário reconhece que a ética tem sido descurada nos últimos tempos, dado o exemplo da nomeação do ex-autarca da cidade da Praia para governador do Banco de Cabo Verde.

"Não é ético, por exemplo, que um presidente de Câmara que perde as eleições, logo a seguir, seja nomeado governador do Banco de Cabo Verde, quando nós estamos a três meses das eleições", concluiu.

O ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros e Defesa, Luís Filipe Tavares, pediu ontem demissão depois da polémica provocada pela associação do cônsul honorário de Cabo Verde nos Estado Unidos, Caeser dePaço, à extrema-direita, em Portugal.

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