2022, ano de instabilidade política e de pressão económica e social em África
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O ano de 2022 está prestes a terminar. Na hora dos balanços, este ano será lembrado como um período de transição em que o mundo, ainda a tentar recuperar da pandemia, foi fustigado pelo conflito na Ucrânia e as consequências que se fizeram sentir a nivel global. Neste quadro, África não foi excepção. O aumento dos preços, bem como a instabilidade política e social fizeram o quotidiano de todos.
Na Guiné-Bissau, no dia 1 de Fevereiro, o palácio do governo foi atacado por homens armados. O ataque que durou várias horas, provocou 8 mortos, essencialmente responsáveis da segurança dos ministros presentes, nenhum membro do governo tendo sido atingido.
Dias antes do ataque contra o palácio do governo guineense, um golpe de Estado militar consumado aconteceu a 23 de Janeiro no Burkina Faso, derrubando o presidente Roch-Marc Kaboré. Meses depois, um novo golpe militar rebate as cartas e faz mudar as chefias, no dia 30 de Setembro, o país sendo actualmente dirigido por um jovem coronel, Ibrahim Traoré.
Para além do Burkina Faso, a instabilidade também continuou a predominar noutros países da região, nomeadamente o Mali onde a violência de grupos criminosos e jihadistas continuam a afectar o norte e centro do seu território. Uma situação perante a qual a presença militar estrangeira enfrentou dificuldades.
Em Angola, 2022 marcou o fecho de uma época com a morte no dia 8 de Julho de José Eduardo dos Santos, numa unidade hospitalar de Barcelona. Longe de ser um momento de paz e recolhimento, a morte do homem que dirigiu o país entre 1979 e 2017, ocasionou uma disputa judicial entre uma parte da família do antigo chefe de Estado e o actual executivo angolano sobre a última morada do ex-dirigente.
Este momento coincidiu com a realização das eleições gerais de Agosto, durante as quais João Lourenço foi reeleito para um segundo mandato, mas num contexto em que a Unita, principal partido de oposição, conheceu um sério avanço nas urnas.
2022 marcou igualmente o aumento da tensão entre a RDC e o Ruanda. O presidente Tshisekedi mas também outras entidades como a ONU acusam Kigali de apoiar o movimento rebelde M23 activo no Norte-Kivu, no leste da RDC. Uma situação que, apesar de iniciativas diplomáticas nomeadamente por parte de Luanda, se tornou explosiva.
Em Novembro, após dois anos de conflito armado, o governo etíope e os separatistas do Tigray no norte do país, assinaram um acordo de paz. Milhares de mortos e deslocados depois, nasce uma esperança muito ténue de regresso à normalidade.
No passado dia 25 de Novembro, o quartel militar de São Tomé foi palco de acontecimentos que foram qualificados de tentativa de golpe de estado e que resultaram na tortura e morte de 4 pessoas. Estes acontecimentos deram-se num momento delicado para o país em plena transição política, com a reeleição em Setembro de Patrice Trovoada como primeiro-ministro, este último tendo pela frente um país em colapso económico designadamente na sequência da clausura imposta pela pandemia.
Em Cabo Verde, o ano foi também de dificuldades. Apesar de a retoma exponencial do turismo suscitar esperança, as consequências do conflito na Ucrânia em termos de aumentos dos preços, acabaram por complicar a vida dos cabo-verdianos.
Para recordarmos estes acontecimentos de 2022, falamos com o analista cabo-verdiano João Santos, o sociólogo são-tomense Olívio Diogo, o especialista do Corno de África ligado ao Instituto Universitário de Lisboa, Manuel João Ramos, o especialista angolano em democracia e governação Rui Mangovo, o estudioso moçambicano ligado à Universidade de Bordéus, Régio Conrado, assim como o jurista e activista guineense Fodé Mané.
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