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Madagáscar escolhe Presidente: "Taxa de participação foi muito baixa de manhã"

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Os eleitores malgaxes escolhem esta quinta-feira o próximo Presidente. A recandidatura do Presidente cessante, Andry Rajoelina, criou uma onda de contestação que levou dez candidatos da oposição a apelar ao boicote do escrutínio. "A oposição fez apelos de boicote às eleições de hoje", alegando que listas eleitorais "não estão completas e que o Presidente Andry Rajoelina usou os meios do Estado para fazer propaganda", descreve o padre Rodrigues Diniz, radicado em Madagáscar.

Madagáscar escolhe Presidente: "Taxa de participação foi muito baixa de manhã".
Madagáscar escolhe Presidente: "Taxa de participação foi muito baixa de manhã". AFP - MAMYRAEL
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RFI: Antananarivo acordou esta quinta-feira com um recolher obrigatório, aplicado na véspera da primeira volta das presidenciais. Como está a decorrer o escrutínio?

Padre Rodrigues Diniz: Aqui em Madagáscar, em geral o ambiente está calmo, mas dizem que não é uma eleição como as outras porque poucas pessoas vão votar. Há outras pessoas que dizem o contrário, que esta é uma votação como as outras. A grande razão desta confusão é que eram 13 candidatos e 10 formaram o "colectivo dos dez candidatos", por não estar de acordo com esta eleição. Dizem que as listas eleitorais não estão completas e que o Presidente Andry Rajoelina usou os meios do Estado para fazer propaganda. Estas duas razões já são tradicionais porque há sempre problemas em todas as eleições.

A grande questão desta primeira volta das eleições presidenciais é a taxa de abstenção?

Tenho estado a ouvir rádio desde esta manhã. A rádio da oposição dizia haver uma taxa de participação muito baixa de manhã que nem chegava a 3%. Eles apelaram para as pessoas estivessem presentes no encerramento das urnas, sobretudo as pessoas aderentes aos candidatos que não concordam com esta eleição, para que não haja uma grande diferença entre as pessoas que vão votar e a percentagem que sair das urnas.

Estas eleições estavam marcadas para o dia 9 deste mês, foi adiado para hoje, 16 de Novembro, porque um dos 13 candidatos ficou ferido durante a campanha eleitoral.

Os dez candidatos do colectivo tentaram ir para a praça simbólica de Antananarive, 13 de Maio, onde as pessoas se reúnem nos grandes acontecimentos. Tentaram ir para lá, mas as forças armadas e a polícia impediram. Houve alguns feridos e até dizem que houve uma pessoa que morreu, devido ao gás lacrimogéneo. Não houve muitas pessoas a manifestar porque as forças armadas estão do lado do Presidente.

Esta oposição, composta por dez candidatos, apela a boicotar as eleições há mais de um mês. A este colectivo de dez opositores juntaram-se 57 associações da sociedade civil que pedem a suspensão do acto eleitoral. Apontam desconfianças no Supremo Tribunal de Justiça e na Comissão Eleitoral Nacional Independente. Alegam que está tudo decidido e que o actual Presidente vai vencer.

A presidente da assembleia legislativa, os representantes da organização que reúne as quatro Igrejas Cristãs de Madagáscar (FFKM) apelaram para a suspensão das eleições e para o fim da campanha, mas depois os bispos da Igreja católica, que estiveram reunidos, emitiram um comunicado a dizer que estavam a favor das eleições neste dia. A presidente da assembleia apelou a SADC e a comunidade internacional para intervirem contra as eleições neste momento. É também verdade que nestes dez candidatos existe dois antigos Presidentes e antigos ministros que disseram não ter confiança nas eleições.

Apelam aos eleitores a não votar esta quinta-feira?

Foi essa mensagem enviada um pouco para toda a ilha, mas mais nas grandes cidades, onde tem havido pouco afluência porque as pessoas costumam votar na parte da manhã. As pessoas apelam para que os opositores possam ir controlar a contagem dos votos, como as pessoas fazem sempre. 

Há riscos de tumultos?

Depois das eleições pode haver tumultos, mas não haverá manifestações hoje no fechar das urnas porque as pessoas não se costumam manifestar à noite. Os dez candidatos vão apelar as pessoas a fazerem manifestações na capital.

Por que motivo o governo decidiu manter estas eleições contestadas, havia um receio de admitir uma possível derrota?

Não, acho que não porque o Presidente estava seguro de si, ao contrário do antigo Presidente Marc Ravalomanana, ele fortaleceu as forças de segurança a nível de material. Nunca houve essa ideia do Presidente ter medo de perder as eleições. Este problema surgiu recentemente porque há dois, três meses não se falava que estas eleições iam ser contestadas. O Presidente fez campanha em toda a ilha, menos na capital porque havia manifestações. Aqui em Madagáscar devido à falta de comunicações, por causa da floresta, e de meios de comunicação a nível de estradas é possível falsificar os resultados.

O que é que os malgaxes esperam deste escrutínio?

Madagáscar está a descer quando se fala do bem-estar das pessoas devido aos problemas internacionais, mas também por causa do governo. Este grande problema é porque a nível dos candidatos havia pessoas habituadas aos problemas de Madagáscar, nomeadamente antigos Presidentes e ministros, e não tinham outra forma de lutar contra o actual Presidente porque viram que a eleição já estava ganha. De quatro em quatro anos, estes problemas estão sempre de volta e o povo é que sofre se a crise perdurar. Os malgaxes têm paciência e vão tentar resolver isso, esperando não haver grandes problemas como houve no passado.

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