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RDC/HRW/Violação/Tortura

HRW: desde 2017 torturas, violações e mortes impunes no Parque de Virunga, na RDC

A ong de defesa de direitos humanos Human Rights Watch - HRW - denuncia em relatório publicado a 30 de Julho, que entre 2017 e 2020 pelo menos 170 pessoas, na sua maioria mulheres e meninas, foram raptadas, torturadas, violadas e algumas mortas nas proximidades do Parque Nacional de Virunga, província do Kivu Norte, a 10 kms de uma base da ONU.

Os gorilas são a principal atracção no Parque Nacional de Virunga, na RDC, em cujas proximidades foram raptadas pelo menos 170 pessoas desde 2017, violadas, torturadas e por vezes mortas, caso as famílias não paguem as exorbitantes fianças exigidas por grupos criminosos, impunes até à data, denunciou a 30 e Julho a ong HRW.
Os gorilas são a principal atracção no Parque Nacional de Virunga, na RDC, em cujas proximidades foram raptadas pelo menos 170 pessoas desde 2017, violadas, torturadas e por vezes mortas, caso as famílias não paguem as exorbitantes fianças exigidas por grupos criminosos, impunes até à data, denunciou a 30 e Julho a ong HRW. AFP/File
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Segundo a ong Human Rights Watch, grupos criminosos não identificados, armados com espingardas e catanas, raptaram entre Abril de 2017 e Março de 2020, pelo menos 170 pessoas, das quais pelo menos metade são mulheres e meninas, que foram espancadas e submetidas a tortura, violação diária e algumas mortas, quando a exorbitante fiança exigida - entre 200 e 600 dólares, segundo a HRW - não era paga pelas famílias.

Este crimes, segundo a ong, foram cometidos até agora em total impunidade, sobretudo em Bukoma, território de Rutshuru, na província do Kivu Norte, no leste da RDC, bastião de várias milícias e grupos armados não identificados, apesar da presença num raio de 10 kms das forças de segurança congolesas, de uma base da Monusco e de centenas de guardas florestais do Parque dos Virunga, o mais antigo de África.

Com efeito, grande parte do território de Bukoma é controlado pelo grupo rebelde ruandês RUD-Urunana - uma facção dissidente das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda - FDLR - um grupo armado implicado em centenas de raptos nos últimos anos, mas a HRW não conseguiu provar a implicação dos seus combatentes nestes casos mais recentes.

A HRW reclama ao governo congolês que ponha termo ao "reino de terror imposto por estes gangues e que facilite cuidados adaptados e toda a ajuda necessária, às sobreviventes de violação, traumatizadas e estigmatizadas".

Thomas Fessy, representante da Human Rights Watch na República Democrática do Congo denuncia:

"...em três anos, não vimos um único inquérito aberto, para tentar desmantelar esses gangues e identificar os suspeitos, para traduzi-los em justiça. Apelamos o governo congolês a agir com urgência para pôr termo a estes raptos e abusos sexuais generalizados, cometidos perto ou no Parque dos Virunga e pensamos que deveria ser pedido o apoio das forças de segurança, quer da polícia, quer militares, pois há muitas operações militares em curso na região, há muitos militares congoleses ali estacionados".

"...Eles deveriam pedir o apoio da missão da manutenção da paz Monusco, que está a uma dezena de kms - a base de Kiwanja - e não apenas à Monusco, mas também aos guardas do Parque dos Virunga, que são centenas. Nós contactamos com todos os actores, em todo o caso eles tomaram nota e nós agora esperamos ver acções concretas para pôr termo a estes abusos". 

Segundo os testemunhos recolhidos pela ong, as mulheres e meninas eram frequentemente violadas várias vezes por dia e por vezes por vários homens, "tornamo-nos nos seus objectos sexuais, era a toda a hora" declarou uma sobrevivente.

O Parque Nacional de Virunga, que se estende numa superfície de 7.800 kms2 na província do Kivu Norte, na fronteira com o Ruanda e o Uganda, esteve encerrado ao turismo entre Maio de 2018 e o início de 2019, após a morte de um guarda florestal ecologista e o rapto de dois turistas britânicos a 11 de Maio de 2018, num emboscada armada, os dois reféns foram libertados dois dias depois.

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