Acesso ao principal conteúdo
Etiópia

Bombardeamentos continuam no Tigray quase um ano depois do início da guerra

O exército etíope efectuou ontem bombardeamentos em Mekele, capital do Tigray, região do norte da Etiópia, provocando pelo menos 10 mortos e dezenas de feridos, segundo fontes hospitalares. Desde há quase um ano, o Tigray tem sido palco de um conflito entre os separatistas locais e o exército etíope que para além das numerosas vítimas mortais, provocou milhares de deslocados e travou a acção humanitária ao ponto de colocar mais de 400 mil pessoas em situação de fome.

Distribuição de alimentos perto da localidade de Baker, na região etíope do Tigray, no passado dia 11 de Julho de 2021.
Distribuição de alimentos perto da localidade de Baker, na região etíope do Tigray, no passado dia 11 de Julho de 2021. EDUARDO SOTERAS AFP
Publicidade

O governo etíope declarou que o bombardeamento ocorrido nesta quinta-feira, o último de uma série de ataques aéreos efectuados desde o passado dia 18 de Outubro, visava uma fábrica utilizada pelos separatistas da TPLF, Frente de Libertação do Povo do Tigray, para a manutenção dos seus equipamentos militares.

Por seu lado, os rebeldes denunciaram um bombardeamento contra uma zona residencial sem contudo dar pormenores. O Tigray tem sido alvo de bombardeamentos quase quotidianos nestes últimos dias. A ONU indica que dois bombardeamentos mataram 3 crianças e provocaram vários feridos no passado dia 18 de Outubro.

Dentro de um pouco menos de uma semana, dia 4 de Novembro, vai fazer um ano que o Tigray é palco de um conflito que o governo etíope tinha inicialmente apresentado como uma acção de curta duração visando desalojar os dirigentes da TPLF que acusava de estar por detrás do bombardeamento de duas bases do exército federal.

Pouco depois do início da operação, no dia 28 de Novembro, o Primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, anunciou que o seu exército tinha tomado o controlo da capital do Tigray e que a ofensiva estava "terminada".

Contudo, os combates continuaram e até passaram a envolver militares da vizinha Eritreia. No passado mês de Fevereiro, a Amnistia Internacional acusou os soldados da Eritreia de ter "morto centenas de civis" em Novembro de 2020 em Aksum, no norte do Tigray. Um massacre em seguida confirmado pela Comissão Etíope dos Direitos Humanos.

Em Março, ao denunciar "actos de limpeza étnica" naquela região, os Estados Unidos apelaram à retirada das tropas da Eritreia. Mas a região literalmente isolada do resto do mundo, sem comunicação, sem electricidade, sem serviços básicos e com restrições de acesso aos jornalistas, viu os combates intensificarem-se em finais de Junho, quando os separatistas lançaram uma ofensiva visando obrigar o "inimigo" a abandonar o território, apesar de um cessar-fogo unilateral de Addis Abeba.

No passado mês de Julho, para além dos milhares de vítimas mortais, violações e centenas de milhares de deslocados provocados pelo conflito que entretanto alastrou para as vizinhas regiões de Amhara e Afar, a ONU contabilizou mais de 400 mil pessoas com fome no Tigray.

Esta organização estima que uma centena de camiões de ajuda humanitária deveriam diariamente chegar ao Tigray para responder às necessidades das populações locais, a ONU referindo que apenas 15% deste valor foi alcançado, sendo que documentos internos de organizações humanitárias no terreno referem que a fome jà provocou óbitos na região.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.