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#COP-15

Abidjan acolhe COP15 contra a desertificação

Esta segunda-feira, arranca a COP15 contra a desertificação, em Abidjan, na Costa do Marfim. O objectivo é encontrar medidas para lutar contra a degradação dos solos e as suas consequências nefastas para a biodiversidade e as populações. A conferência vai decorrer até 20 de Maio.

Karbala, Iraque, 18 de Abril de 2022.
Karbala, Iraque, 18 de Abril de 2022. AFP - MOHAMMED SAWAF
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A 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para a Luta contra a Desertificação pretende encontrar medidas para travar a desertificação, quando o último relatório da ONU sobre a desertificação é alarmante: cerca de 40% dos solos do planeta estão degradados e, se nada mudar, até 2050 ficarão degradados mais 16 milhões de quilómetros quadrados, uma área equivalente à América do Sul.

Nove chefes de Estado africanos estão presentes na COP 15 contra a desertificação, nomeadamente o anfitrião Alassane Ouattara, o nigeriano Mohamed Bazoum, o congolês Felix Tshisekedi e o togolês Faure Gnassingbé. A União Europeia vai estar representada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, e pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que participam por videoconferência.

As atenções estão voltadas para o continente africano, na primeira linha face à desertificação, ainda que no mundo inteiro a desertificação progrida e a degradação dos solos pareça exponencial. Segundo a ONU, a cada ano, o equivalente à superfície do Benim, ou seja, 12 milhões de hectares de terras ficam degradadas, destruindo também a esperança de autonomia alimentar nas regiões afectadas.

Esta falta de produção potencial de 20 milhões de toneladas de cereais tem um impacto sobre 1,5 mil milhões de pessoas já fragilizadas. Se a produtividade permanecer nos níveis actuais, para atender às necessidades alimentares de uma população crescente, vai ser necessária a introdução de seis milhões de hectares de terras na produção agrícola a cada ano até 2030.

O problema é que enquanto as necessidades alimentares aumentam, a perda de terras aráveis acelera devido ao cultivo dos solos e à extracção de recursos, que representam cerca de metade do valor da economia mundial. Os solos estão a tornar-se um bem cada vez mais escasso. Por um lado, é preciso manter florestas intactas para que possam absorver dióxido de carbono da atmosfera, onde a sua presença em excesso está a aumentar o aquecimento global e a causar as alterações climáticas. Por outro lado, são precisos terrenos para implantar instalações de produção de energia renováveis que ajudem a conter o aquecimento global. Sem esquecer que os sistemas alimentares são responsáveis por 29% das emissões de gases com efeitos de estufa.

Regenerar terras degradadas, proteger a biodiversidade, promover a agricultura sustentável e controlar as alterações climáticas vão ser, assim, alguns dos assuntos obrigatórios em torno desta Cop15 contra a desertificação que tem como tema “Terra. Vida. Herança: da rareza à prosperidade”.

Outro assunto incontornável é o projecto da Grande Muralha Verde para o Sahara e o Sahel, uma das primeiras iniciativas de grande escala de regeneração dos solos que se estende longo de 8000 quilómetros e que envolve 11 países e a União Africana. O objectivo era restaurar, até 2030, um milhão de quilómetros quadrados de solos degradados, do Senegal ao Djibuti. Porém, de acordo com o relatório da Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação só entre 4% a 20% dos objectivos iniciais foram alcançados até 2020 e seria necessário que o ritmo anual de restauro dos solos alcançasse 80 mil quilómetros quadrados anuais.

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