Acesso ao principal conteúdo
Burkina Faso

Burkina Faso: Damiba aceita apresentar demissão

A situação continua confusa neste país que é palco de um segundo golpe de Estado militar no espaço de oito meses. O novo chefe da junta militar que tomou o poder na sexta-feira, o Capitão Ibraim Traoré apelou hoje ao fim das violências e do vandalismo contra a França, depois de terem sido atacadas ontem a embaixada francesa na capital. Paul-Henri Damiba apresentou a sua demissão na tarde deste domingo (2).

Manifestantes continuam a protestar contra a França na capital do Burkina Faso. O Capitão Ibrahim Traoré veio a público negar o envolvimento da França.
Manifestantes continuam a protestar contra a França na capital do Burkina Faso. O Capitão Ibrahim Traoré veio a público negar o envolvimento da França. © AFP
Publicidade

Tenente-Coronel Paul-Henri Damiba apresenta demissão

Na tarde de domingo, o tenente-coronel Paul-Henri Damiba concordou em assinar a sua carta de demissão. O anúncio foi feito numa declaração conjunta pelos líderes das comunidades religiosas e tradicionais que mediaram entre os dois lados. O agora ex-chefe da junta militar burquinabê deixou o país e foi para Lomé, capital do Togo, onde foi recebido pelo presidente Faure Gnassingbé, que aceitou participar da mediação.

Uma manhã de tensão nas ruas da capital do país

Milhares de manifestantes que apoiam o novo chefe da junta militar, o Capitão Ibrahim Traoré, reuniram-se novamente em frente à embaixada francesa no Burkina Faso na manhã de domingo. Barreiras de protecção foram incendiadas e foram atiradas pedras para dentro do edifício. Granadas de gás lacrimogéneo foram disparadas de dentro da embaixada para as dispersar.

O sentimento dos manifestantes foi inflamado após as acusações dos militares, que afirmaram que o antigo líder da junta se tinha refugiado na base Kamboinsin, onde soldados franceses estão a treinar o exército do Burundi, e de onde estaria supostamente a preparar uma "contra-ofensiva".

Estas violências foram firmemente condenadas pelo chefe da diplomacia francesa, que ontem também desmentiu qualquer implicação nos acontecimentos no país, negando pela mesma ocasião acolher nas suas bases o tenente-coronel Damiba, antigo homem forte destituído com o novo golpe. Declarações reforçadas pelo novo chefe da junta militar que ontem disse que a "França não tem interesse em intrometer-se" nos assuntos do país.

00:54

Tradução - Ibrahim Traoré desmente envolvimento francês, 02/10/2022

"Uma contra-ofensiva, sim. Apoiada pela França, penso que não. Existe uma base chamada Kamboinsin, onde se encontra uma base francesa. Quando transferimos alguém para esta base, dizemos “a base militar francesa de Kamboinsin”. A França não pode interferir nos nossos assuntos, a França não tem qualquer interesse em apoiar um indivíduo que hoje se encontra num confronto. Além disso, a França não tem legitimidade para interferir directamente nos nossos assuntos, e nós sabemos disso. Nós respeitaremos a França se eles respeitarem isto. Se hoje temos outros parceiros que nos podem apoiar, não vejam necessariamente a Rússia, mas outras potências. Os americanos são agora nossos parceiros, e também podemos ter a Rússia como parceiro, por isso não se trata da França ou de um problema da Rússia e do Wagner".

Numa mensagem publicada na página do Facebook da presidência, e autenticada por um colaborador do Tenente-Coronel Damiba, que não fala publicamente desde o golpe de Estado, o agora ex-chefe da transição nega se ter refugiado no campo de Kamboinsin: "Isto não é mais do que uma intoxicação para manipular a opinião", "apelo ao Capitão Traore e à companhia para que voltem à razão para evitar uma guerra fratricida de que o Burkina Faso não precisa.

CEDEAO e chefe da junta militar apelam à calma e condenam actos de vandalismo

O Capitão Ibrahim Traoré, assegura que a situação está sob controlo e que "as coisas estão gradualmente a voltar à ordem". Apelou também à população a permanecer calma e contida, e a abster-se de quaisquer actos de violência e vandalismo, particularmente contra a embaixada francesa ou a base militar francesa em Kamboinsin.

Enquanto os manifestantes permanecem nas ruas, o novo chefe da transição desfilou nas ruas de Ouagadougou, capital do país, onde foi recebido e aclamado por milhares de simpatizantes.

Ibrahim Traoré, autoproclamado chefe da junta militar do Burkina Faso, desfile pelas ruas da capital do país.
Ibrahim Traoré, autoproclamado chefe da junta militar do Burkina Faso, desfile pelas ruas da capital do país. AFP - IDRISSA OUEDRAOGO,ADAMA OUEDRAOGO

Numa declaração publicada no Twitter, a Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) manifestou a sua preocupação relativamente à evolução da situação no país e pede "às forças de defesa e segurança que evitem uma escalada e, em todas as circunstâncias, que protejam os civis". A CEDEAO apela ao "fim da violência e das pilhagens de todo o tipo, que não podem ser tolerados".

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.