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Níger

CEDEAO diz privilegiar o diálogo com a junta do Níger mas "não afasta nenhuma opção"

Em vésperas de uma nova cimeira extraordinária da CEDEAO em Abuja sobre a situação do Níger, a organização regional diz continuar a privilegiar o diálogo com a junta militar, apesar desta última ter recusado receber ontem uma delegação tripartida da CEDEAO, da União Africana e ONU, invocando motivos de "segurança". O Presidente em exercício da CEDEAO, o chefe de Estado da Nigéria, disse contudo "nenhuma opção foi afastada" pela organização, referindo-se à hipótese de uma intervenção militar.

Manifestantes anti-sanções da CEDEAO em Niamey no dia 3 de Agosto de 2023.
Manifestantes anti-sanções da CEDEAO em Niamey no dia 3 de Agosto de 2023. © REUTERS/Balima Boureim
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Em comunicado ontem à noite, a CEDEAO disse que continuaria "a usar todas as disposições necessárias com vista a garantir o restabelecimento da ordem constitucional no Níger", ou seja o regresso nas suas funções do Presidente Bazoum deposto e detido desde o golpe militar do dia 26 de Julho.

Ontem à noite, Bola Tinubu, chefe de Estado da Nigéria e presidente em exercício da CEDEAO, considerou que a diplomacia continua a ser "a melhor via", mas não afastou a hipótese de a CEDEAO intervir militarmente no Níger, conforme chegou a ameaçar. Uma hipótese que não deixa de suscitar críticas internamente no seu país.

Estas declarações surgem depois de a junta militar ter informado ontem por carta a CEDEAO de que não tinha condições de "segurança" para receber uma delegação tripartida da organização regional, da União Africana e da ONU que pretendia deslocar-se nesta terça-feira a Niamey.

As atenções estão por conseguinte agora concentradas nas discussões de amanhã em Abuja. A França, antiga potência colonial, disse ontem por via diplomática que apoiava "os esforços dos países da região para restaurar a democracia". Discurso idêntico teve o secretário de Estado americano Antony Blinken que, por outro lado, considerou que o golpe "não tinha sido fomentado pela Rússia nem por Wagner" mas que este grupo "iria tentar tirar proveito" desta situação.

Do outro lado do xadrez, depois de já terem expressado há dias a sua solidariedade com a junta militar do Níger, o Burkina Faso e o Mali, ambos dirigidos por juntas militares que tomaram o poder pela força, endereçaram cartas conjuntas à ONU e à União Africana, apelando à sua "responsabilidade" para impedir qualquer intervenção militar contra o Níger, prevenindo contra as "consequências humanitárias e em termos de segurança imprevisíveis" que isso teria.

Também ontem, Rhissa Ag Boula, antigo rebelde tuaregue e ministro do executivo de Bazoum, anunciou a criação de um novo movimento denominado de 'Conselho de Resistência pela República' (CRR), no sentido restabelecer nas suas funções o Presidente deposto e apoiar os esforços da CEDEAO. Segundo um membro deste movimento, várias figuras políticas do país juntaram-se a esta plataforma sem poder assumi-lo publicamente, por motivos de segurança.

Nesta quarta-feira, a embaixadora do Níger em França, Aïchatou Boulama Kané, que continua em posto apesar de os autores do golpe terem decidido pôr fim às suas funções, anunciou que o seu filho foi detido em Niamey. Não se sabe ao certo se a detenção de este último se prende com o seu alegado envolvimento num caso de corrupção ou com a decisão de a mãe permanecer fiel ao Presidente deposto do Níger. 

Desde o golpe militar de 26 de Julho, vários ministros e figuras do regime de Mohammed Bazoum foram detidos. 

No espaço de três anos, esta foi a sétima sublevação perpetrada na região da África do Oeste, onde o Mali, o Burkina Faso e a Guiné Conacri foram igualmente palco de golpes militares.

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