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#Líbia

ONU alerta que se desconhece “a dimensão” da catástrofe na Líbia

A ONU alertou, esta sexta-feira, que se desconhece “a dimensão” da tragédia na Líbia, um dia depois de ter lançado um apelo urgente de fundos para ajudar 250.000 pessoas. Fala-se em milhares de mortos e desaparecidos na sequência das inundações que devastaram algumas localidades do leste do país.

Cidade de Derna devastada pelas inundações. 13 de Setembro de 2023.
Cidade de Derna devastada pelas inundações. 13 de Setembro de 2023. © AFP
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A dimensão da tragédia é para já incalculável, avisa a ONU que, ontem, lançou um primeiro pedido de ajuda de mais de 66 milhões de euros para auxiliar cerca de 250.000 pessoas, ainda que quase 900.000 possam vir a precisar de ajuda.

No terreno, as buscas para encontrar sobreviventes continuam, mas grande parte dos acessos às zonas mais afectadas estão destruídos. A tempestade Daniel atingiu o leste da Líbia na tarde de domingo, mas a cidade costeira de Derna, de cem mil habitantes, concentra todas as atenções por ter sido varrida por algo comparado a um tsunami devido ao rompimento de duas barragens de domingo para segunda-feira que arrastaram casas, carros e pessoas para o mar.

Nem o governo do leste do país consegue fazer, para já, um balanço da catástrofe só em Derna. Um porta-voz do ministério do Interior falou em 3.840 mortos, enquanto o ministro falou em 2.794 nesta e outras cidades. A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho alertam para 10.000 desaparecidos. Para a ONU, pelo menos 30.000 pessoas ficaram sem abrigo em Derna.

Entretanto, o Programa Mundial de Alimentos começou a prestar ajuda a mais de 5.000 famílias e os Emirados Árabes Unidos enviaram dois aviões com 150 toneladas de ajuda. O Comité Internacional da Cruz Vermelha anunciou, nesta quinta-feira, que enviou equipas adicionais para distribuir ajuda humanitária e acrescentou que "forneceu 6.000 sacos mortuários". Vários países do norte de África, do Médio Oriente, da União Europeia e os Estados Unidos também prometeram ajuda.

Houssam al Charif é voluntário nas operações de resgate e diz que ainda há pessoas à espera de serem socorridas: "Continua a haver muitos sobreviventes sob os escombros dos prédios que ruíram ou foram arrastados pela água das barragens. Graças a Deus alguns dentre eles foram salvos, entre quarta e quinta-feira. A Líbia não tem capacidade para enfrentar catástrofes desta dimensão, mas graças ao material de equipas de socorro estrangeiras que chegaram foi possível, felizmente, resgatar dos escombros 510 pessoas com vida. A lentidão das operações de resgate é o nosso único receio agora. Os corpos e o cheiro da morte são riscos graves para a saúde e poderão provocar doenças nas áreas afectadas. Caso as operações de socorro não consigam avanços mais rápidos, é muito provável que o acesso à zona seja reservado unicamente aos trabalhadores humanitários. Poderá ter que se efectuar a retirada de todos os moradores da zona atingida", contou Houssam al Charif à jornalista da RFI Houda Ibrahim.

01:00

Testemunho de Houssam al Charif

 A Organização Meteorológica Mundial da ONU afirmou que a maioria das mortes "poderia ter sido evitada", caso os sistemas de alerta precoce e de gestão de emergências tivessem funcionado, mas o país está mergulhado no caos desde a morte do ditador Mouammar Kadhafi, em 2011 e está dividido entre dois governos rivais: um reconhecido pela ONU, com sede na capital, Trípoli, no oeste; o outro no leste, na região afectada pelo desastre.

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