Angola: Mundos paralelos das crianças e jovens do Lubango
Nas ruas da cidade do Lubango, na província da Huíla, existem mundos paralelos. As crianças e jovens que vão à escola e as crianças desfavorecidas que fazem biscates nas ruas na cidade.
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Canito é engraxador de sapatos, tem um metro de altura, e contou-nos que já viveu no centro de acolhimento no bairro da Tchavola. Ano centro dormia "não tem cama só tem colchão, no chão" e só lhe davam almoço, "fusco com feijão". Entretanto voltou para casa dos pais. A criança não sabe o que o pai faz, mas sabe que a mãe faz biscates na cidade.
Ao lado, na escadaria da Sé Catedral do Lubango, três estudantes esperam pelo autocarro para ir para a escola do especial Mapuna.
Shielsa Rodrigues é estudante de ciências físicas e biológicas. É natural do Lubango, na província da Huila. "A realidade das crianças que vivem na rua é uma realidade muito crítica", descreve.
"Por vezes são os pais que induzem as crianças a irem pedir esmola. Estas crianças já não têm futuro, tudo depende de como conseguirem encarar a realidade. Para quem encarar com maturidade ainda poderá sair deste contexto, mas para quem não conseguir não há saída possível", prossegue a estudante de física e biologia.
A pobreza faz com que as pessoas tentem sobreviver e "surgem vícios como roubos, prostituição", aponta. Shielsa Rodrigues tem amigas que trabalham na prostituição por "necessidade por falta de assistência por parte dos pais", mas diz ter-se "distanciado delas".
Nas ruas da cidade do Lubando existe muito negócio informal, os angolanos tentam resistir à crise que afecta o sul de Angola, provocada por uma seca severa.
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