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Diplomacia/Genocídio armênio

Turquia suspende visitas políticas e cooperação militar com a França

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, suspendeu as visitas políticas e os acordos de cooperação militar com a França depois que os deputados franceses aprovaram nesta quinta-feira um projeto de lei punindo a negação do genocídio armênio de 1915. A Turquia não reconhece o massacre que deixou 1,5 milhão de armênios mortos na época do império turco-otomano.

Monumento em memória ao 1,5 milhão de armênios mortos no genocídio de 1915 em Decines, cidade próxima de Lyon.
Monumento em memória ao 1,5 milhão de armênios mortos no genocídio de 1915 em Decines, cidade próxima de Lyon. REUTERS/Robert Pratta
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O projeto de lei, proposto pelo partido do presidente Nicolas Sarkozy, pune todo tipo de genocídio, mas foi escrito sob medida para condenar a negação do massacre dos armênios pelo império turco-otomano durante a Primeira Guerra Mundial. O texto prevê pena de prisão e multa de 45 mil euros por toda negação pública de um genocídio reconhecido pela lei.

A França reconhece dois genocídios: o dos judeus, durante a Segunda Guerra Mundial, e o armênio, desde 2001. O Holocausto nunca foi punido também. Com a votação de hoje, Sarkozy cumpre uma promessa de campanha de 2007 e tenta atrair a numerosa comunidade armênia residente em solo francês a reelegê-lo em 2012.

Logo após a votação, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan convocou o embaixador da Turquia em Paris a deixar a cidade e retornar para Ancara. Em linguagem diplomática, a crise foi aberta. Erdogan estima que a iniciativa francesa "abre feridas irreparáveis e muito graves" nas relações bilaterais.

O premiê afirmou que a partir de agora vai analisar caso por caso toda solicitação francesa de utilizar o espaço aéreo turco e poderá negar a abertura dos portos de seu país aos navios de guerra franceses. Outras sanções poderão ser adotadas, esclareceu Erdogan, apesar de França e Turquia serem aliadas na OTAN. Antes da votação, o líder turco havia prevenido que adotaria retaliações econômicas e diplomáticas caso o texto fosse aprovado.

Já o ministro armênio das Relações Exteriores, Edward Nalbandian, agradeceu o gesto francês. Ele disse que a França provou mais uma vez seu compromisso com valores humanos universais. A maioria dos analistas políticos interpreta o projeto do partido de Sarkozy como uma medida eleitoreira.

O projeto de lei aprovado hoje em primeira leitura ainda precisa ser votado no Senado, que tem maioria da oposição. 

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