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Síria/protestos

Protestos na Síria deixam pelo menos dez mortos

Pelo menos dez pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nesta sexta-feira na periferia de Damasco, capital da Síria, durante os protestos contra o governo do presidente Bachar Al-Assad. Os manifestantes foram atingidos por tiros das forças de segurança, que tentavam dispersar a multidão de cerca de 2 mil pessoas que se reuniram na praça central de Douma, ao lado da mesquita, depois da tradicional oração de sexta-feira. Os policiais também jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra a multidão.

Enterro em Deera de uma das vítimas da repressão na Síria
Enterro em Deera de uma das vítimas da repressão na Síria REUTERS/Reuters TV
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Os manifestantes convocaram uma passeata no Facebook para esta sexta-feira, em homenagem às 60 pessoas que morreram nas últimas duas semanas, durante protestos contra o regime do presidente Bachar Al-Assad. Centenas de opositores saíram às ruas na capital e nas cidades de Banias e Lattaquié, no norte, e Deera, no sul, onde pelo menos seis pessoas foram presas nesta sexta-feira e pelo menos uma morreu. A oposição denuncia uma mudança de tática do regime e a brutalidade das forças de segurança. A agência oficial síria negou qualquer confronto, em uma nota oficial.

Nesta quinta-feira, em uma tentativa de acalmar os ânimos da população, o presidente Bachar Al-Assad anunciou, um dia depois de fazer um discurso transmitido pela TV, a criação de uma comissão de juristas para avaliar a manutenção do estado de emergência no país, que já dura 48 anos. De acordo com a lei, o governo pode censurar a imprensa e prender qualquer cidadão que represente uma 'ameaça' para o regime, mesmo sem provas, além de banir qualquer tipo de oposição. Assad também prometeu a abertura de um inquérito para investigar as circunstâncias das mortes que ocorreram durante as manifestações.

Para o jornalista sírio Sahad Masri, radicado em Paris, “o presidente sírio não terá a coragem de anular o estado de emergência. Se ele fizer isso, é o fim do seu regime”, avalia. “Ele utiliza essa lei para continuar no poder. O regime sírio ameaça o povo se ele continuar a se manifestar. Ouvindo o discurso de Bachar Al-Assad, podemos esperar um massacre no país”, declara.

A professora de relações internacionais da UNB (Universidade de Brasília), Vânia Pinto, explica que a prisão de um grupo de crianças em Deera no início de março, que picharam no muro frases contra Bachar Al-Assad, foi a gota d'água que faltava para impulsionar o movimento de contestação.  "É claro que já havia insatisfação antes. O que temos visto é que as manifestações têm sido duramente reprimidas."

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Vânia Pinto, professora de Relações Internacionais da Universidade de Brasília

O partido Baath, de Bachar Al-Assad, governa o país desde 1963. Indicado pelo Parlamento, o presidente sucedeu seu pai, Hafez el-Assad, depois de sua morte, no ano 2000. "Todas essas repúblicas, até mais ou menos os anos 50 ou 60, quando houve golpes de estado por militares, introduziram uma ideologia do desenvolvimento baseada no papel do estado e numa ideologia secular. Com o passar do tempo essas Repúblicas não conseguiram cumprir as suas promessas de desenvolvimento social e econômico para a população. O que vemos é um aumento do empobrecimento da população, que é predominantemente jovem. E são esses jovens, que nasceram nos anos 80, que agora estão nas ruas", explica a especialista. Segundo ela, o presidente sírio foi considerado  um reformista, quando assumiu o poder, mas acabou decepcionando a população. " Havia esperança de que houvesse melhorias para a população, o que não ocorreu."

 

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