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Síria/ imprensa

França suspeita que Síria esteja por trás de morte de jornalista

A oposição ao presidente sírio Bashar al-Assad convocou nova jornada de manifestações contra o regime e em apoio aos desertores do Exército. O protesto acontece em um clima de muita tensão no país, após a morte do jornalista francês Gilles Jacquier. A França suspeita de uma manipulação das autoridades de Damasco, já que elas eram as únicas a ter conhecimento sobre a visita do grupo de repórteres a Homs, epicentro da revolta popular contra o regime.

O jornalista francês Gilles Jacquier foi o primeiro ocidental morto na Síria nos últimos dez meses.
O jornalista francês Gilles Jacquier foi o primeiro ocidental morto na Síria nos últimos dez meses. REUTERS/France Televisions/Handout
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A Síria anunciou a abertura de uma investigação para esclarecer a morte do francês e de um grupo de pessoas atingidas por ataques de morteiros, na quarta-feira. No mesmo dia, o presidente Nicolas Sarkozy comentou a morte em tom pouco amistoso e pediu para que as autoridades sírias “esclareçam totalmente” as circunstâncias da morte.

Uma fonte próxima à presidência francesa indicou ao jornal Le Figaro que a tendência é acreditar em uma “manipulação” dos acontecimentos, mas por enquanto não existem “provas”. “As autoridades sírias eram as únicas a saberem que um grupo de jornalistas visitava Homs naquele dia e em qual bairro eles se encontravam”, afirmou a fonte. O bairro de Nuzha é povoado por alauitas, comunidade devota ao presidente Bachar al-Assad e onde o ditador nasceu.

A visita dos jornalistas havia sido autorizada poucos dias antes pelo regime, em uma ocasião excepcional desde que começou a revolta popular contra o presidente. Os repórteres só podiam se deslocar a zonas autorizadas, onde o regime mantém o controle. No dia em que morreu, Jacquier havia reclamado que a reportagem parecia uma “operação de propaganda” à emissora France 2, para a qual trabalhava.

Em Paris, o palácio do Eliseu não descarta a ocorrência de um “triste acidente”, mas adverte que “ele cai bem em um regime que procura desencorajar os jornalistas estrangeiros e demonizar a rebelião”, conforme o Figaro. Os colegas de Jacquier, inclusive o repórter d CNN Nick Robertson, evocaram a impressão de terem sido pegos deliberadamente como alvos dos ataques militares.

Após a tragédia, a mulher do jornalista, a fotógrafa Caroline Poiron – que também estava no local a trabalho – se negou a entregar o corpo do marido aos serviços de informação sírios. Ela preferiu aguardar a chegada do embaixador da França ao local e exigiu que o repatriamento do corpo fosse feito exclusivamente pelas autoridades francesas. Poiron permitiu a realização de uma autópsia parcial no corpo para a verificação do tipo de projétil que o matou, no intuito de identificar quem atirou os morteiros.
 

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