Duas Coreias promovem novo encontro de famílias separadas pela guerra
Um grupo de 82 sul-coreanos está na Coreia do Norte para encontrar pela primeira vez seus familiares após a separação forçada pela Guerra das Coreais, encerrada em 1953. A retomada dessas reuniões, interrompidas em 2010, foi possível após negociações entre Seul e Pyongyang que levaram à suspensão de exercícios militares entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos na região.
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Dois ônibus, escoltados pela polícia, deixaram às 8h30 da manhã, pelo horário local, o porto de Sokcho, no leste da Coreia do Sul. No trajeto, eles passaram pela fronteira desmilitarizada - uma faixa de 248 quilômetros de extensão que divide a península coreana - e depois percorreram mais 39 quilômetros até o monte Kumgang, onde acontece o reencontro com 180 familiares que ficaram na Coreia do Norte após a guerra (1950-1953).
Uma cerimônia emocionante marcou o início da reunião, informou o ministério da Unificação sul-coreano. Os familiares poderão ficar juntos por alguns dias.
Muita emoção antes da partida
Antes mesmo de começar a viagem, os sul-coreanos, quase todos idosos e com a saúde debilitada, relataram a expectativa de um reencontro marcado por uma grande emoção.
“Acho que não vou acreditar quando ver o rosto dela e não sei se vou reconhecê-la imediatamente”, declarou Dong-Bin, de 81 anos, poucas horas antes de reencontrar a irmã mais velha, após 61 anos de separação.
Os sul-coreanos levaram na bagagem uma grande quantidade de presentes, remédios, fotos de família e até alimentos.
No domingo, 88 norte-coreanos deverão se reunir com outros 361 familiares vindos da Coreia do Sul para um encontro previsto para durar até terça-feira.
Escolha feita por sorteio
Os familiares que vão se reencontrar foram escolhidos por sorteio. Milhares de pessoas se candidataram para participar dessas “reuniões familiares” interrompidas por Pyongyang em 2010. Muitos candidatos morreram antes de poder rever seus parentes.
Desde 1988, 125 mil sul-coreanos fizeram o pedido para reencontrar seus familiares; 57 mil deles já morreram. Outros, doentes, não têm mais condições físicas para fazer a viagem.
As primeiras reuniões de famílias coreanas separadas pela guerra aconteceram em 1985 e foram interrompidas várias vezes desde então.
Longas negociações permitiram a retomada das reuniões
Essas reuniões familiares, as primeiras desde 2010, só foram possíveis após um período de negociações difíceis entre Seul e Pyongyang. Para dar o sinal verde, os norte-coreanos exigiram a suspensão de exercícios militares entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, previstos para fevereiro.
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