Israel:novo governo e vontade de anexar terras palestinianas da Cisjordânia
Em Israel, após 500 dias de crise e três eleições, o governo de união entre Benyamin Netanyahu e Benny Gantz foi aprovado pelo parlamento e tomou posse neste domingo . O Primeiro-ministro Benyamin Netanyahu disse, no Parlamento, que é altura de anexar os colonatos na Cisjordânia ocupada. A cerimónia de tomada de posse do novo governo de Israel, estava inicialmente prevista para quinta-feira passada, mas não teve lugar devido à problemas de última hora no seio do partidários de "Bibi", alcunha pela qual é também conhecido em Israel, Benyamin Netanyahu.
Publicado a:
O adiamento da tomada de posse prevista para quinta-feira deve-se à divergências no seio do Likud, partido de Benyamin Netanyahu, no que toca à repartição das pastas ministeriais.
Netanyahu declarou que o governo de união, que hoje tomou posse em Israel, é o resultado de uma vontade popular.
O novo governo obteve o voto de confiança do Knesset, parlamento israelita, no qual a maioria é dominada por aliados de Benny Gantz, até então rival de Netanyahu, e do Primeiro-ministro. Num total de 120 deputados,73 votaram a favor e 47 contra. Registou-se a ausência de um membro do Knesset.
O acordo entre o Likud, de direita e o Azul-Branco, partido centrista de Benny Gantz, prevê uma partilha equitativa dos ministérios e possibilita a cada lado repartir os cargos entre os seus aliados políticos.
Segundo estabelece o acordo, Benyamin Netanyahu assumirá o cargo de Primeiro-ministro durante 18 meses e em seguida cederá a função a Benny Gantz por um período idêntico.
A partilha dos cargos representou um problema para o Likud, pelo facto de o partido de Benyamin Netanyahu ter obtido mais assentos no parlamento e contar com o apoio dos deputados da direita radical e dos partidos ultra-ortodoxos.
Com um total de 36 ministros, o novo governo de Israel, é o mais amplo de toda a história do país. Para a imprensa de Israel o referido facto é um paradoxo, numa altura em que o país hebraico atravessa uma crise económica, resultante da pandemia de covid-19 que afecta o mundo.
Foram necessários 500 dias de crise e três escrutínios eleitorais, para que os políticos isrealitas chegassem a um acordo que culminasse com um governo de união nacional.
O novo governo deverá igualmente abordar a questão da Cisjordânia, território palestiniano onde existem numerosos colonatos judeus. Netanyahu defendeu domingo, diante do parlamento, a anexação das zonas da Cisjordânia, em que foram construídos colonatos judeus.
Benny Gantz e alguns membros do novo governo, parecem mais prudentes no que toca à uma eventual anexação das terras palestinianas onde a população judaica aumentou, nos últimos dez anos, nomeademente nos colonatos da Judeia e Samaria, em que 450.000 judeus vivem paralelamente à mais de 2,7 milhões de palestinianos, às vezes sob tensão.
Tanto a Autoridade Palestiniana como a vizinha Jordânia, chamaram a atenção para as consequências de semelhante projecto de anexação.
Numa entrevista ao semanário alemão Der Spiegel, o rei Abdallah II da Jordânia declarou que, se Israel anexar territórios da Cisjodânia em Julho próximo, a medida desembocará num grande conflito com o reino jordano.
Israel:novo governo e intenção de anexar terras da Cisjordânia 17 05 2020
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro