Segundo a AIEA, o Irão tem quase a capacidade de produzir a bomba atómica
A Agência Internacional da Energia Atómica -AIEA- disse ontem ter detectado numa unidade nuclear iraniana, partículas de urânio enriquecido a um pouco mais de 83%, ou seja um pouco abaixo dos 90% necessários para se produzir a bomba atómica, pelo que pediu explicações a Teerão sobre esta situação. O Irão que desmente pretender dotar-se da arma nuclear, disse que isto se deve a "oscilações involuntárias" no processo de enriquecimento de urânio.
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A AIEA disse ontem ter identificado níveis de enriquecimento de urânio muito próximos daqueles que são necessários para produzir uma bomba atómica, a partir da análise de amostras recolhidas em Janeiro na unidade nuclear de Fordo, no norte do Irão. De acordo com um relatório a ser apresentado na próxima semana, a AIEA solicitou "esclarecimentos" e "as discussões ainda estão em curso" para determinar a origem destas partículas.
No mesmo sentido, ainda ontem, Colin Kahl, sub-secretário americano da Defesa afirmou que “o progresso nuclear” do regime de Teerão “tem sido extraordinário” desde 2018, altura em que Donald Trump decidiu abandonar o acordo nuclear, e que o país tem agora capacidade para produzir material suficiente para fabricar uma bomba nuclear “em cerca de 12 dias”.
Numa carta enviada à AIEA, o Irão negou tencionar dotar-se da arma nuclear e explicou que as oscilações detectadas são "involuntárias" e que "não tentou enriquecer (o urânio) a mais de 60%".
Estas revelações que surgem numa altura em que continuam no impasse as negociações para ressuscitar o acordo nuclear assinado em 2015 pelo Irão e grandes potências mundiais e entretanto abandonado pelos Estados Unidos durante a era Trump.
Encetadas em 2021, as discussões estão bloqueadas desde Agosto do ano passado, o que tem provocado um aumento da tensão entre Teerão e os seus parceiros. O Irão tem vindo progressivamente a desvincular-se dos seus compromissos no tocante à utilização do urânio.
Perante esta situação, Rafael Grossi, director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), agendou uma reunião no sábado com o presidente iraniano Ebrahim Raissi em Teerão para "reatar o diálogo", de acordo com fontes diplomáticas referindo que esta visita terá como objectivo obter "um reforço do acesso da AIEA às unidades e aumentar o número de inspecções".
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