Zâmbia: presidenciais tensas num país economicamente fragilizado
Cerca de 7 milhões de eleitores zambianos são hoje chamados às urnas nas eleições presidenciais, legislativas e autárquicas. Na corrida às presidenciais estão 16 candidatos, entre os quais se destacam o presidente cessante, Edgar Lungu, 64 anos, no poder desde 2015 e do outro lado do xadrez, o seu eterno rival, o empresário Hakainde Hichilema, 59 anos, que concorre pela sexta vez ao mais alto cargo político do seu país.
Publicado a:
Até às 18 horas locais, os eleitores deste país de 17 milhões de habitantes, votam para eleger os seus representantes locais, os seus deputados e um novo Presidente entre 16 candidatos, na sequência de uma campanha tensa, marcada por incidentes entre os apoiantes dos dois principais candidatos, o Presidente cessante Edgar Lungu e o seu mais sério adversário, Hakainde Hichilema, ao ponto que na semana passada foram destacados elementos do exército para impedir novos confrontos.
Durante a campanha marcada pelas restrições inerentes à luta contra a pandemia, a oposição acusou o campo presidencial de tentar colocar entraves à sua campanha o que o partido no poder desmentiu com veemência.
O facto é que o Presidente cessante, no poder desde 2015, tem sido frequentemente acusado de derivas autoritárias e de encobrir os desvios de fundos que grassam à sua volta. Lungu tem sido igualmente criticado por contrair empréstimos particularmente junto de credores chineses, para financiar uma série de projectos de desenvolvimento de infra-estruturas.
Neste contexto, apesar de ser rica em matérias-primas, a Zâmbia tornou-se na primeira economia africana a entrar em default no ano passado.
Com uma dívida externa estimada em 10 bilhões de Euros, metade da qual junto de credores privados, a Zâmbia que desde 1992 tem vindo a privatizar a maioria das empresas públicas, nomeadamente grandes companhias de exploração de cobre, sua principal riqueza, não conseguiu pagar 42,5 milhões de Dólares em juros em meados de Novembro de 2020, e no começo deste ano, a Zâmbia tornou a não ser capaz de pagar uma dívida de 56,1 milhões de Dólares.
Nestes últimos anos, a população zambiana sofreu as consequências da queda do valor das matérias-primas, do aumento do desemprego, do custo de vida e da inflação que disparou para mais de 20%.
Em 2019, até 70% das colheitas agrícolas foram perdidas devido à seca, a mais grave em 35 anos. Segundo estimativas da ONU em 2020, cerca de 2,3 milhões de zambianos estavam em insegurança alimentar.
No fecho de uma campanha centrada precisamente sobre a situação económica do país, o Presidente cessante mostrou-se convicto de que iria vencer porque "as pessoas o conhecem agora". Já o seu adversário fez um apelo para que a comissão eleitoral garanta um voto “livre e justo”.
Refira-se que os resultados preliminares das eleições são esperados até ao próximo Domingo à noite.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro