Abertura hoje do diálogo inclusivo entre as forças vivas do Chade
Depois de vários adiamentos e apesar do boicote de alguns grupos armados e movimentos da sociedade civil, abriu-se hoje o diálogo inclusivo entre a oposição civil e o exército no poder no país. Depois da sua chegada ao poder no ano passado na sequência da morte do pai, o antigo presidente Idriss Deby, o novo homem forte do país, Mahamat Deby, tinha-se comprometido a organizar um diálogo nacional para restituir o poder aos civis no espaço de 18 meses, prazo renovável uma vez.
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Durante o acto solene de abertura das discussões em N’djamena, a capital, Mahamat Deby considerou que se enceta "um momento decisivo para a história do país". Este diálogo deve "esboçar os caminhos de um novo começo" para um "Chade próspero", disse ainda o chefe do Conselho Militar de Transição que tomou as rédeas do poder no Chade, após a morte do seu pai Idriss Déby, que governou o país com pulso firme durante 30 anos.
"Chegou a hora de colocar um ponto final na espiral de violência" neste país que sofreu inúmeros golpes desde a sua independência em 1960, declarou por sua vez o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, que esteve presente na cerimónia, este alto responsável originário do Chade considerando ainda que "chegou a hora de enterrar o machado".
Durante 21 dias, 1.400 delegados de vários quadrantes da sociedade civil, de movimentos políticos e de sindicatos vão reunir-se na capital do Chade para discutir das questões da paz e das liberdades fundamentais, assim como da organização de eleições livres e democráticas. Na ementa das discurssões estão igualmente reformas institucionais e nomeadamente a elaboração de uma nova Constituição a ser submetida a referendo.
Em virtude de um decreto assinado na quarta-feira pelo chefe da junta, as decisões que resultarem deste diálogo serão "executivas".
Inicialmente previsto no passado mês de Fevereiro e adiado várias vezes, este diálogo inclusivo arranca cerca de duas semanas depois da assinatura, em Doha, de um acordo entre a junta chadiana e quarenta grupos rebeldes, prevendo nomeadamente um cessar-fogo.
O clima em que começam as conversações não deixa todavia de ser incerto. No passado mês de Junho, Mahamat Deby não afastou a eventualidade de se candidatar às presidenciais e disse encarar um prolongamento da transição por mais 18 meses.
Além disto, alguns grupos não assinaram o compromisso de Doha e por conseguinte não participam neste processo, nomeadamente a Frente para a Alternância e a Concórdia no Chade (FACT), um dos principais movimentos rebeldes do país que esteve por detrás da ofensiva durante a qual faleceu Idriss Déby.
Wakit Tamma, uma coligação de partidos da oposição e de organizações da sociedade civil que acusam o actual poder de “violações dos Direitos do Homem” também recusam participar neste diálogo que a seu ver visa preparar uma candidatura de Mahamat Deby.
Suspeitas às quais o chefe da junta militar respondeu de forma indirecta no final do seu discurso hoje, dizendo que "as portas do diálogo permanecem abertas".
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