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Chade

Abertura hoje do diálogo inclusivo entre as forças vivas do Chade

Depois de vários adiamentos e apesar do boicote de alguns grupos armados e movimentos da sociedade civil, abriu-se hoje o diálogo inclusivo entre a oposição civil e o exército no poder no país. Depois da sua chegada ao poder no ano passado na sequência da morte do pai, o antigo presidente Idriss Deby, o novo homem forte do país, Mahamat Deby, tinha-se comprometido a organizar um diálogo nacional para restituir o poder aos civis no espaço de 18 meses, prazo renovável uma vez.

Timan Erdimi, líder da União das Forças de Resistência (UFR), à chegada ao aeroporto internacional de NDjamena, no passado dia 18 de Agosto de 2022, depois de 17 anos de exílio, para participar no diálogo inclusivo.
Timan Erdimi, líder da União das Forças de Resistência (UFR), à chegada ao aeroporto internacional de NDjamena, no passado dia 18 de Agosto de 2022, depois de 17 anos de exílio, para participar no diálogo inclusivo. AFP - AURELIE BAZZARA-KIBANGULA
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Durante o acto solene de abertura das discussões em N’djamena, a capital, Mahamat Deby considerou que se enceta "um momento decisivo para a história do país". Este diálogo deve "esboçar os caminhos de um novo começo" para um "Chade próspero", disse ainda o chefe do Conselho Militar de Transição que tomou as rédeas do poder no Chade, após a morte do seu pai Idriss Déby, que governou o país com pulso firme durante 30 anos.

"Chegou a hora de colocar um ponto final na espiral de violência" neste país que sofreu inúmeros golpes desde a sua independência em 1960, declarou por sua vez o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, que esteve presente na cerimónia, este alto responsável originário do Chade  considerando ainda que "chegou a hora de enterrar o machado".

Durante 21 dias, 1.400 delegados de vários quadrantes da sociedade civil, de movimentos políticos e de sindicatos vão reunir-se na capital do Chade para discutir das questões da paz e das liberdades fundamentais, assim como da organização de eleições livres e democráticas. Na ementa das discurssões estão igualmente reformas institucionais e nomeadamente a elaboração de uma nova Constituição a ser submetida a referendo.

Em virtude de um decreto assinado na quarta-feira pelo chefe da junta, as decisões que resultarem deste diálogo serão "executivas".

Inicialmente previsto no passado mês de Fevereiro e adiado várias vezes, este diálogo inclusivo arranca cerca de duas semanas depois da assinatura, em Doha, de um acordo entre a junta chadiana e quarenta grupos rebeldes, prevendo nomeadamente um cessar-fogo.

O clima em que começam as conversações não deixa todavia de ser incerto. No passado mês de Junho, Mahamat Deby não afastou a eventualidade de se candidatar às presidenciais e disse encarar um prolongamento da transição por mais 18 meses.

Além disto, alguns grupos não assinaram o compromisso de Doha e por conseguinte não participam neste processo, nomeadamente a Frente para a Alternância e a Concórdia no Chade (FACT), um dos principais movimentos rebeldes do país que esteve por detrás da ofensiva durante a qual faleceu Idriss Déby.

Wakit Tamma, uma coligação de partidos da oposição e de organizações da sociedade civil que acusam o actual poder de “violações dos Direitos do Homem” também recusam participar neste diálogo que a seu ver visa preparar uma candidatura de Mahamat Deby.

Suspeitas às quais o chefe da junta militar respondeu de forma indirecta no final do seu discurso hoje, dizendo que "as portas do diálogo permanecem abertas".

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